quinta-feira, março 31, 2005

especial centro 04 :. o espaço ocupado


(Pinacoteca - Centro. Clique na imagem para ampliar)

São 7 carros e 8 bicicletas. Compare o espaço ocupado pelos dois meios de transporte e você entenderá o nome deste blog. Vale lembrar que a cidade tem o absurdo índice de 1 veículo para cada 2 habitantes, ou seja, é praticamente cada um no seu próprio carro.

Infelizmente a região central (bem como o resto da cidade) é forrada por estacionamentos para carros, negócio altamente lucrativo. Afinal, espaço também é dinheiro na capital brasileira da especulação.

Já os paraciclos, como o da Pinacoteca, são espécie rara, pra não dizer imaginária. Ainda bem que existem postes e grades, onde podemos amarrar nossas bicicletas sem ter que ligar o irritante alarme, pagar flanelinha ou ficar com medo de ter o som roubado.

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quarta-feira, março 30, 2005

especial centro 03 :. Paulo Mendes da Rocha: "é um desastre completo"


Autor do projeto de revitalização da Praça do Patriarca (foto acima), o arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha declarou em entrevista ao :.apocalipse motorizado: "o estacionamento de veículos no local é um desastre completo, já que a principal transformação foi exatamente retirar o carrossel de ônibus que existia por lá e abrir um espaço agradável para a circulação de pessoas".

Com a instalação de alguns centros culturais na região, as autoridades passaram a fazer vistas grossas ao estacionamento ilegal, acreditando que atrair automóveis é dar vida ao centro. O paulistano, cada vez mais dependente do automóvel, não consegue aproveitar a "espacialidade técnica da metrópole", ou seja, a possibilidade de utilizar o transporte público para se deslocar pelas mais diferentes regiões da cidade.

"É uma pena, pois é exatamente nos finais de semana que o metrô revela o seu caráter lúdico, de passeio, permitindo deslocamentos pelas mais distintas regiões da cidade em pouco tempo e de forma agradável", afirma o arquiteto. A região central possui 5 estações de metrô, inúmeras linhas de ônibus e até estacionamentos particulares. Mas o individualismo do paulistano, estimulado pela conivência das autoridades, acentua as aberrações de uma cidade degradada, poluída e agressiva.

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terça-feira, março 29, 2005

Entrevista com agentes da CET

Hoje saiu uma bela matéria no Estadão: uma entrevista feita pelo repórter Morris Kachani com dois agentes da CET, os "marronzinhos" Marcos Cury e Edward Nogueira. Como a matéria tem copyright, não posso reproduzi-la aqui. Mas, se você não conseguiu comprar o jornal, entre em contato pelo e-mail que a gente democratiza a informação.

Alguns trechos: "Quem anda a pé ou de ônibus normalmente é menos estressado" // "A combinação entre pressa e lentidão é explosiva" // "De forma geral, as pessoas de poder econômico mais baixo cumprem melhor as regras do que as de poder econômico mais alto" // "Eu não tenho dúvida de que a mulher é muito superior ao homem no que diz respeito a conduzir de forma prudente e segura" // "Que carro toma mais multa? Em primeiro, o Audi A3" // "No fundo, o motorista que xinga o outro está na verdade xingando a si próprio pela condição em que se encontra. A gente não pode encarar isso como uma agressão e sim como um pedido de ajuda feito de forma grotesca".

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especial centro 02 :. calçadão da Luz

A foto ao lado foi tirada num domingo, em frente à Pinacoteca e ao Parque da Luz. O calçadão se transforma em mais um ponto de estacionamento ilegal amplamente tolerado pelas autoridades. No detalhe, os pedestres, obrigados se espremer entre os carros ou andar pela rua.

Do outro lado da rua fica a Estação da Luz (metrô e trem). Mesmo assim, os carro-dependentes não conseguem deixar suas máquinas em casa e usar o transporte público nem aos domingos.

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segunda-feira, março 28, 2005

especial centro 01 :. minhocão aos domingos

Durante a semana, a rua ao lado é só poluição, barulho e agressividade. Aos domingos, o Minhocão se transforma: o longo pedaço de asfalto suspenso que rasga o centro da cidade vira praia de alguns paulistas.

Barraquinhas servem lanches e bebidas, uma bicicletaria conserta e aluga bicicletas, pessoas caminham, correm, pedalam, crianças brincam, famílias passam o dia, casais passeiam e muita gente só vai jogar conversa fora com os vizinhos.

Ao contrário das avenidas Paulista e Sumaré, que ficam em regiões nobres e eram fechadas para o lazer até o ano passado, no Minhocão nada é oficial ou patrocinado: não existem banheiros, shows, cortes de cabelo, ambulâncias ou palhaços para animar as ciranças.

Ícone da degradação
Alegria de pobre dura pouco: o presente dado por Paulo Maluf em 1971 fica aberto 6 dias por semana, com tráfego intenso e constante. A pista fica a 5 metros das janelas, o que obriga a prefeitura a deixar os moradores em paz no turno das 22h às 6h. O Minhocão é hoje o maior ícone paulistano dos desastres causados pelo planejamento urbano que privilegia o automóvel.

Em São Paulo ninguém quer morar de frente para o mar. Os prédios, construídos nos anos 40, 50 e 60, abrigam cortiços, quitinetes, motéis baratos, botecos sujos, prostituição, escritórios e lojas.

Morfina para o trânsito
Ainda na década de 90, com o início do processo de "revitalização do centro", chegou a ser cogitada a demolição do Minhocão. Mas nos seus 20 anos de existência, a via expressa tornou-se um anestésico poderoso para a quantidade crescente de veículos em circulação.

A curto e médio prazo, a remoção do viaduto só é provável se houver uma mudança radical nos rumos do transporte em São Paulo. Como o brasileiro não é muito chegado em mudanças radicais e o paulistano está cada vez mais dependente do automóvel, resta apenas aproveitar o domingão na praia de asfalto.

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domingo, março 27, 2005

Novo projeto gráfico e :. SPdebike

O :. apocalipse motorizado ficou mais bonito e organizado. Os textos antigos foram separados em seções (no arquivo). Confira novos links interessantes: destaque para o movimento furiosos ciclistas, de Santiago (Chile).
Gostou? Muito lento? Problemas? Deixe seu comentário ao final do texto ou mande um e-mail.

Rotas para ciclistas em sampa
São Paulo não é a melhor cidade do mundo para quem pedala: poluição, buracos, geografia acidentada e, principalmente, motoristas estressados e agressivos. Informação é fundamental para sobreviver no caos e tornar os nossos deslocamentos ainda mais agradáveis e seguros.

Essa é a idéia do :. SPdebike, um guia dos melhores, mais seguros e tranqüilos caminhos para circular de bicicleta em São Paulo. Se você pedala, compartilhe suas dicas!

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sexta-feira, março 25, 2005

Até domingo

O livro ao lado é a inspiração para o título deste blog. "Apocalipse Motorizado - a tirania do automóvel em um planeta poluído", publicado pela Ed. Conrad, é referência fundamental sobre o tema. Procure nas livrarias ou em bancas de jornal, vale a pena! Ouça também uma entrevista em português com o organizador do livro.

O blog dá uma paradinha até domingo (27/03).

Aproveite para dar uma lida nos textos antigos (veja o arquivo) ou visite os links de oturos sites.

Não perca: semana que vem, um especial sobre o centro de São Paulo, a abertura dos calçadões, a degradação da região pelo automóvel e algumas idéias para que a sociedade consiga reverter o quadro.

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quinta-feira, março 24, 2005

bicicletada em N.Y: só com menos de 20 pessoas


Enquanto a bicicletada paulistana agoniza por falta de participantes (apesar das milhares de bicicletas em circulação e dos 56 ciclistas mortos no ano passado), em Nova Iorque a pedalada mensal virou caso de polícia. Nesta semana a prefeitura da "big apple" entrou com ação na justiça exigindo que todo grupo com mais de 20 ciclistas que deseja pedalar pelas ruas peça autorização municipal. (veja a matéria aqui ou uma videoreportagem aqui)

A ação ainda impõe censura prévia aos sites Time´s Up e Critical Mass, que estão proibidos de divulgar as pedaladas "sem autorização".

A ofensiva contra a bicicletada começou na convenção republicana de 2004 que escolheu Bush Jr. para a disputa eleitoral. O evento coincidiu com a bicicletada do mês de agosto, que acontece há 10 anos e teve a participação de quase 5 mil ciclistas. Centenas foram detidos (fotos: [1], [2], [3], [4], [5] ou o trailer do filme "Still we ride", sobre a bicicletada de N.Y)

A partir daí, o prefeito Michael Bloomberg afirmou que continuaria a prender quem participasse das pedaladas, que nos seus 10 anos de história nunca precisaram prestar contas à burocracia municipal. Os meses seguintes foram tensos, sempre com prisões e ameaças, mas a participação continuou alta.

Sempre achei meio pelega essa história de manifestação com autorização das autoridades. No caso da bicicletada, o engodo burocrático fica visível: a "manifestação" consiste apenas no exercício da cidadania, ou seja, juntar uma porção de ciclistas e pedalar pelas ruas para garantir o espaço determinado até pela lei.

São Paulo, a cidade que engoliu a bicicletada
A bicicletada é o nome brasileiro para um movimento que teve origem no Critical Mass de São Francisco, em 1992. Um movimento horizontal de indivíduos, sem líder ou organização burocrática, não violento, que transforma por alguns instantes o cenário urbano e mostra a viabilidade de um outro modelo de locomoção nas cidades. Este novo modelo está baseado na sustentabilidade e na convivência, não na degradação e na agressividade para garantir o carro blindado de poucos.

Em São Paulo, a bicicletada anda em crise. As últimas pedaladas tiveram menos de 10 ciclistas. Se você pedala ou tem simpatia pela bicicleta como meio de transporte, participe e ajude a salvar a bicicletada: visite o site, a comunidade no orkut ou inscreva-se na lista de discussão.

Por enquanto, resta torcer que a prefeitura paulistana proiba manifestações com MENOS de 20 pessoas. Ou que José Serra siga o exemplo do prefeito de Portland, Tom Potter, que escolheu participar da bicicletada em vez de reprimi-la.

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quarta-feira, março 23, 2005

passado, presente e futuro na terra dos Matarazzo


(clique na foto para ampliar. Tirada em out/04)

Outdoor em estacionamento da av. Paulista: o futuro pichado no presente. No detalhe, o passado: mansão da família Matarazzo que ocupou o terreno até 1996.

O palacete foi construído no começo do século passsado. Em abril de 1986, a casa foi abandonada. Em 89 a prefeita Luiza Erundina solicitou o tombamento da propriedade, propondo transformar a mansão em um "museu do trabalhador". Os herdeiros do conde Matarazzo conseguiram anular o tombamento na Justiça.

Em 4 de janeiro de 1996, parte da mansão desabou. Os jornais divulgaram que tinha sido por causa da chuva forte.

Dois dias depois, o Contru (órgão municipal que fiscaliza as construções) interditou a casa e "condenou" a família a reconstruir OU demolir a propriedade.

Em 11 de janeiro (apenas cinco dias depois), a demolição foi iniciada, sendo concluída em pouco mais de 30 dias. Na madrugada do dia 10 para o dia 11, o brasão que ficava na entrada da casa foi pichado. A Folha de São Paulo noticiou em 13 linhas, mas não disse o que foi escrito na pichação (seria mais um protesto silenciado pela mídia nativa ou apenas incompetência?).

"Foi sem querer querendo"
Em abril do mesmo ano, o Instituto de Criminalística divulgou laudo constatando que o desabamento foi intencional, já que as colunas de sustentação haviam sido escavadas intencionalmente. A Folha divulgou em uma nota de 8 linhas.

O processo de sabotagem ocorrido naqueles tempos bicudos de fim de governo Maluf era temporão: a grande maioria das mansões já havia sido destruída da mesma forma. No ano passado vi uma bela exposição de fotos no Conjunto Nacional sobre a história da Paulista. Durante as décadas de 70 e 80, os proprietários dos casarões (filhos e netos de quatrocentões em decadência) perceberam que os terrenos valiam ouro e resolveram embarcar na especulação imobiliária. Com a conivência das autoridades, passaram a sabotar as estruturas das casas, fazendo com que os órgãos públicos legitimassem a demolição. Surgiram arranha-céus e estacionamentos. Quem sabe, no futuro, venham as praças e as bicicletas.

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terça-feira, março 22, 2005

noite de sexta


Avenida Paulista por volta das 22h30 da última sexta-feira (clique na foto para ampliar).
Já que o transporte público da cidade desaparece a partir da meia noite e o taxi é um dos mais caros do mundo, o paulistano que vai pra "balada" só tem uma opção: engarrafar as ruas também durante a noite.

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segunda-feira, março 21, 2005

Brasil: o lixão do primeiro mundo

Do Estado de São Paulo "Mercado brasileiro é um alívio para a crise mundial da GM" (21/03, caderno Economia, p. B14).

No texto: "(...) o mercado (norte)americano, que sempre foi competitivo, está ainda mais desafiante: as vendas cresceram apenas 1% em 2004 (...). O mercado é considerado saturado (...)."

Não é só nos EUA que a venda de carros cai a cada ano. Em todo o Primeiro Mundo, o "mercado", as ruas e as pessoas estão saturados de automóveis. Por aqui, terra de capitalismo feudal com resquícios escravocratas, ainda se acredita que desenvolvimento significa passar por todos os estágios vividos pelo Primeiro Mundo, só que 100 anos depois.

No Brasil, a indústria automobilísitica conta com incentivos fiscais generosos. Já o subsídio ao transporte público (comum em todo o Primeiro Mundo) é parco e chega até a ser questionado pelos governantes (como no caso da cidade de São Paulo).

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sábado, março 19, 2005

Nem os leitores concordam com a Veja

A pseudo-revista Veja São Paulo fez em seu site uma pesquisa sobre os problemas do centro. O curioso é ver que nem seus leitores concordam com as propostas para o centro. A pesquisa, claro, era de múltipla escolha. Interatividade é isso aí!

Até a última sexta-feira (18), nem 3% dos leitores acha que o trânsito e a falta de estacionamentos pode ser considerada um problema no centro.

Mesmo assim, das 10 idéias apontadas pela revista, 3 (quase um terço) era relacionada ao trânsito. Nenhuma das idéias apresentadas contemplava a falta de opções de lazer nem a questão da "cracolândia" (opções da pesquisa).

Ainda bem que a população de São Paulo, apesar de ler a Veja, não concorda com o que ela diz.

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sexta-feira, março 18, 2005

O centro pela ótica da Veja

Passando por uma banca de jornal, vi a capa da "Veja São Paulo (detalhe na foto ao lado)" me dizendo "Nova chance para o centro". Com medo, apressei o passo, voltei pra casa e abri a internet.
A matéria começa com um perfil do subprefeito Andrea Matarazzo. Destaco os seguintes trechos, já que eles colocaram a personalidade antes da notícia:
- "Andrea Matarazzo viveu e trabalhou em um palácio de 22.000 metros quadrados, o Pamphili, na Piazza Navona, em Roma. Tinha dez assessores e andava de carro escoltado por quatro batedores de moto."
- "
Desde o dia 3 de janeiro, ele sai no próprio carro rumo ao deteriorado prédio da subprefeitura da Sé."
- "
Apaixonado por velocidade – é dono de uma moto Honda Blackbird modelo 97, de 1.137 cilindradas, capaz de superar os 250 quilômetros por hora"

Depois, entre as grandes idéias para o centrão levantadas pela Veja, três chamam a atenção:

1) Fim dos calçadões: (é também a primeira na ordem da Veja): as ruas fechadas para carros são descritas como algo que "não deu certo", uma tentativa romântica de revitalizar o centro na década de 70. Mas as "praças, lojas, bares e livrarias, anos depois se transformaram em um nó. O trânsito estrangulado (...) expulsou os consumidores de maior poder aquisitivo e o comércio de melhor qualidade". Hoje só existem "ambulantes e estabelecimentos especializados em artigos populares".

Opa! Se o trânsito expulsou os consumidores, temos que fazer os consumidores usarem o transporte público, e não estimular o uso do carro, trazendo
mais trânsito para o local! E quem disse que o centro tem que ser um lugar para "consumidores de maior poder aquisitivo?". O centro é de todos os cidadãos (consumidores ou não); afinal queremos um centro ou mais um shopping center?

O centro vai mal porque falta iniciativa (pública e privada) e sobra corrupção e falatório. A máquina pública ainda é corrupta, impregnada de coronéis, sacanas e ladrões de toda espécie, pequenos e grandes usurpadores do bem público. A polícia é truculenta, mata, espanca, cobra propina, para o carro em cima da calçada, desconhece a lei, ganha um salário de merda e serve como cão de guarda dos encastelados, de seus carros e celulares. A justiça é quem dá o carimbo final em qualquer máfia, quem legaliza a especulação e permite a impunidade.


2) Garagens subterrâneas: para anestesiar por algum tempo o "nó" que mais atormenta os leitores de Veja que desejam ir ao centro montados em suas propriedades particulares, a matéria também sugere a construção de garagens subterrâneas. "No parking, no bussines (em inglês: sem estacionamentos, não há negócios)" é a frase do francês Jacques Chirac que o subprefeito paulistano gosta de repetir, segundo a revista. Quintuplicar o número de vagas da região (de 1200 para 7000) é o plano.

"Quem vai ao Teatro Municipal fica nas mãos dos flanelinhas, a não ser quando o promotor do espetáculo providencia manobristas (um serviço sempre demorado por ali)" é o exemplo dado pela revista.

Várias casas antigas na região, totalmente desfiguradas e destruídas, viraram estacionamentos particulares. Quem
vai ao teatro de carro (apesar da linha de metrô na porta, das centenas de ônibus e do taxi) pode parar em um desses estacionamentos. Ou a construção das garagens prevê a redução do número de estacionamentos particulares e a restauração das casas???

3) "Carroceiros e mendigos saem de cena" é o título do terceiro destaque. Os "mendigos", como escreve a revista, que são sujos, enfeiam a cidade e não tem bons modos, devem ser jogados para baixo do tapete, escondidos em alguma clínica, albergue ou hospício (isso quando não são mortos em série, como no ano passado, no caso até hoje sem resolução).

Os carroceiros também serão impedidos de circular, pois "apesar de contribuirem para a reciclagem, eles atrapalham o trânsito e prejudicam o comércio". Os carroceiros SÃO O TRÂNSITO!!! Estão no código nacional de trânsito como um veículo, assim como as bicicletas!

A pressa estúpida do motorista que circula na capital é o que provoca acidentes, mortes, estresse, barulho, brigas, mau humor, agressividade e desrespeito.
A velocidade média de um veículo nas regiões centrais de São Paulo durante boa parte do dia equivale a de uma bicicleta. Mas o motorista tem nas mãos uma máquina que vai a 150km/h com um movimento de seu pé. Aí ele lembra daquele comercial do carrão a 150 km por hora, numa rua livre, indo buscar aquela mulher maravilhosa e acelera sempre que vê um espaço livre. Acelera e freia, anda e para.

Depois dessas pérolas, a pseudo-revista fecha com chave de ouro: o perfil de Jaime Lerner com um título digno de turnê de popstar ou slogan de filme de ação: "Ele revolucionou Curitiba. Agora quer ajudar a sacudir o centro de São Paulo". É rir pra não chorar.

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quinta-feira, março 17, 2005

o tamanho do problema


(clique na foto para ampliar)
Estima-se que os carros ocupem cerca de 30% (ou seja, quase 1 terço) da área urbana de São Paulo com a circulação e o estacionamento.

Nesta antiga fábrica, transformada em estacionamento ao lado da Marginal Tietê, é possível ter uma dimensão do problema. (foto: Branca Nunes)

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terça-feira, março 15, 2005

ilegal na Paulista


Mais estacionamento ilegal tolerado pelos "competentes". Desta vez na av. Paulista, ao lado do prédio da Gazeta na noite de ontem.

Neste local só é permitido o embarque e desembarque (na baia paralela à pista). Mas nas noites de segunda a sexta, todos os carros param em 45 graus, ou seja, em cima da calçada.

Reparem que as 4 pistas da Paulista estão livres. Mas parar na rua não pode, atrapalha o trânsito...

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segunda-feira, março 14, 2005

obesidade infantil (parte 2)


Fila dupla: mais uma ilegalidade largamente tolerada pelas autoridades "competentes" e amplamente praticada pelos civilizados pais paulistanos (que belo exemplo para os filhos, hein?). Além disso, outra provável causa de obesidade infantil.

Mães (ou pais) que levam e trazem seus filhos da escola transtornam de tal forma a circulação na cidade que durante as férias escolares o rodízio de veículos é suspenso na capital.

Geralmente as crianças moram perto da escola onde estudam, mas os pais não acham "seguro" deixar seus filhos andar pelas ruas. E não é medo de atropelamento não...

Hoje já é comum encontrar jovens de 20 e tantos anos que NUNCA andaram de ônibus ou metrô na vida. Alguma relação com o número de crianças obesas ter crescido 240% nos últimos 20 anos?

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domingo, março 13, 2005

Bicicleta aos domingos

Domingão de sol em SP. Ficou em casa? Foi à padaria de carro? Assistiu Faustão? Ou viu o jogo que tava passando no "pay-per-view" no seu home theather pra "se sentir no estádio"?

Eu fui dar um rolê de bicicleta. Sol na cara, água de coco, caldo de cana, pastel, conversas inusitadas com pedestres e outros ciclistas... Domingo é o único dia da semana que os estressados motoristas respeitam os ciclistas.

Já que esse domingo acabou, fica a sugestão para o próximo: tire aquela bicicleta que está guardada em algum canto da sua casa, dê uma boa limpada nela e saia por aí livremente pedalando e conhecendo a cidade. Não é difícil, não exige muito esforço e é bastante agradável. Use capacete e respeite os pedestres (não faça com eles o que os motoristas fazem com você). Boa semana e até amanhã!

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sábado, março 12, 2005

pequeno clipping e vídeos excelentes

Hoje não tem foto. Abaixo, alguns links para reportagens da semana e vídeos disponíveis na net sobre o tema deste blog.


Vídeos excelentes:
Quem não conhece, vale visitar: Archive.org. O nome já diz: um fabuloso arquivo de áudio, vídeo, textos e software. Ao contrário do Brasil, onde as empresas de mídia e os órgãos públicos deixam aos ratos seus arquivos e impedem o acesso público ao que sobrevive, em outros países a preservação e o livre acesso são a regra.

O Archive.org traz uma fantástica coleção de vídeos antigos norte-americanos desde a década de 30. Naqueles tempos de macartismo, a "dotrina bush" e os interesses da indústria petrolífera eram mais explícitos. Todos os vídeos são de domínio público ou em Creative Commons :

  • Destination Earth: excelente desenho animado de 1956. Patrocinado pelas empresas de petróleo dos EUA, conta a história de um agente marciano que veio à terra para descobrir uma fonte de energia para a limusine do tirano que governa seu planeta (é marte ou a URSS?). Além do petróleo , o marciano descobre a "livre iniciativa". Propaganda anti-comunista aliada à apologia ao petróleo. Quer coisa melhor?

  • In the suburbs: propaganda do "american way of life" feita na década de 50, narra a maravilhosa vida nos subúrbios daquelas famílias de comercial de margarina. As cidades espalhadas, onde tudo é longe e acessível apenas para quem tem um automóvel, são mais uma característica importada do grande irmão do norte.

  • Assignment Venezuela: video-propaganda da década de 50 que mostra a boa vida de um executivo norte-americano que se mudou para a Venezuela a serviço da Standart Oil. E tem gente que ainda acredita que Bush quer Hugo Chavez fora do poder para implantar uma democracia "de verdade".

  • Key to our horizons: também da década de 50, este vídeo-propaganda mostra a importância (ou seria dependência?) do automóvel para a economia norte-americana.

  • Autoschreck (Car Fight): vídeo feito pelo alemão Roland Schraut em 1994. Mostra os carros tomando as ruas, calçadas e espaços públicos. Depois vem a sensacional revanche dos pedestres. Em Real Player.

Além desses, vale muito procurar em programas P2P (como o emule) o vídeo "Motor Mania". Feito em 1950 pela Disney, o desenho traz o Pateta (Goofy, em inglês) como um pacífico pedestre que se transforma em um monstro ao entrar no carro. Para comprar, só DVD gringo.

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sexta-feira, março 11, 2005

Ah, que delícia: sexta-feira...


A bela sexta-feira do paulistano, por volta das 16h, na Marginal Tietê. Não é delicioso estar fechado dentro de um carro, parado num congestionamento, ao lado do esgoto, no dia mais quente do ano com e uma nevoa de poluição ao seu redor? (foto: Branca Nunes)

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quinta-feira, março 10, 2005

Henry Ford para prefeito!


Mais uma idéia brilhante da Prefeitura de São Paulo vai ajudar a tornar a cena acima cada vez mais freqüente e a cidade cada vez mais agradável e silenciosa. Segundo reportagem da Folha de São Paulo, a CET está concluindo estudos para alterar o formato do rodízo de veículos na capital. O rodízio surgiu em 1995 para reduzir a poluição atmosférica na cidade e depois virou apenas um alívio entorpecente para o trânsito cada vez maior.

A idéia (que deixaria até Henry Ford envergonhado) consiste em realizar o rodízio apenas em avenidas principais, deixando as vias secundárias livres da proibição. Atenção para a declaração do presidente da CET, Roberto Scaringella: "A gente liberaria a miniviagem. Ou seja, para quem mora num bairro e quer ir da casa dele até a escola do filho. Hoje, ele não pode. Mas, se ele fizer esse deslocamento, não estará sobrecarregando os corredores congestionados.". Em contrapartida, a CET promete aumentar o número de placas, o horário e as avenidas incluídas no rodízio.

Esse tipo de deslocamento (miniviagens) é exatamente aquele que deveria ser feito a pé ou de bicicleta (o meio ideal para viagens de até 8km).

"É preciso utilizar mais os horários ociosos e os espaços ociosos. Se der para aliviar vias muito congestionadas utilizando mais vias secundárias, é uma forma de distribuir a demanda de viagens mais racionalmente", afirma Scaringella. Afinal, racionalidade é isso: para que entupir apenas as vias principais se podemos entupir a cidade inteira?

É consenso entre urbanistas e engenheiros de tráfego que o rodízio de veículos é apenas uma medida paliativa: ele alivia a situação imediatamente, mas outras atitudes devem ser tomadas para reduzir o tráfego. Em São Paulo, desde 1995, absolutamente nada foi feito nesse sentido, a não ser a reestruturação do transporte público iniciada pelo governo Marta Suplicy e descontinuada pelo atual prefeito.

Scaringella, segundo a reportagem, defendia até pouco tempo a implantação do pedágio urbano. Mas o Executivo considera a medida "muito radical", pois "quebraria algumas atividades". No entanto, não soa "radical" continuar matando cidadãos com a poluição atmosférica (70% da poluição da cidade é causada pelos veículos) ou degradar bairros inteiros com o trânsito.

Enquanto boa parte dos países decentes vem adotando medidas de restrição de circulação e estacionamento de carros, São Paulo mostra mais uma vez a sua mentalidade medíocre e subdesenvolvida com idéias brilhantes como esta. E preparem os hospitais, pois o número de doenças respiratórias e de câncer continuará aumentando.

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quarta-feira, março 09, 2005

obesidade infantil (parte 1)


A obesidade infantil já atinge 10% das crianças brasileiras. Nos últimos 20 anos, o número de crianças acima do peso cresceu 240%.

A foto, tirada na garagem de um prédio de São Paulo talvez indique uma das causas: em vez do bom e velho velocípede, uma moto elétrica (!!!).

Com medo até da própria sombra, os paulistanos enclausuram seus filhos em condomínios com cercas e câmeras, dão um videogame para ele se divertir e um computador com acesso à internet para que ele possa "estudar" (afinal, criança não vê site de sacanagem... certo?).

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terça-feira, março 08, 2005

4 suítes, 9 vagas


Anúncio de condomínio de mansões (!!!) na av. IV Centenário, ao lado do parque do ibirapuera.

Em uma casa com 4 suítes, imagina-se que vivam 5 pessoas... Em São Paulo, as famílias bem nascidas (e até as não tão bem assim) costumam ter um carro por pessoa.

E os outros 4 carros? Ahhh... devem ser da empregada, do mordomo, da passadeira e da cozinheira, não? Afinal a elite brasileira costuma pagar muito bem seus serviçais... Não????

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segunda-feira, março 07, 2005

07/03/05 - 11h - Vocalista do “Charlie Brown Jr” invade sinal vermelho e atropela 3 ciclistas; "sou vítima" (de http://montesclaros.com)



O músico Alexandre Magno Abrão, o Chorão, vocalista da banda “Charlie Brown Jr”, se envolveu num acidente de trânsito e acabou atropelando 3 adolescentes no bairro Vila Nova, em Santos. Chorão, que dirigia uma blazer, passou no farol vermelho e acabou batendo num palio, ontem à noite. O carro atingido perdeu o controle, subiu na calçada e atropelou os 3 jovens que andavam de bicicleta. O músico estava sozinho no momento do acidente e deve responder por lesão corporal culposa, sem intenção de causar os ferimentos. "Eu permaneci no local do acidente e prestei socorro. Também sou vítima dessa história", disse Chorão, em entrevista. Os 3 adolescentes e o motorista do Palio sofreram ferimentos leves e foram atendidos num hospital próximo.


Qualidade (ou falta de) musical a parte, na cidade de São Paulo os "acidentes" de trânsito mataram cerca de 1500 pessoas no ano de 2004, ou seja, a cada 6 horas alguém morre vítima de automóveis.

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Viva o centro... sem carros (parte 3)


Essa foto poderia ter sido tirada por um turista encantado pelo Solar da Marquesa de Santos, no centro da cidade. Além do prédio histórico, o turista levaria para casa um belo retrato de dois automóveis em cima da faixa de pedestres.

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Viva o centro... sem carros (parte 2)


Estacionamento ilegal na rua 15 de Novembro aos domingos. Foto tirada em frente ao prédio da Secretaria Municipal dos Transportes, órgão responsável por fiscalizar, entre outras coisas, o estacionamento irregular na cidade.

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Viva o centro... sem carros


No começo do ano surgiu em São Paulo a idéia mais estúpida desde a construção do Minhocão (obra do glorioso Paulo Maluf que acabou com o centro de São Paulo na década de 70): abrir alguns dos 27 calçadões exclusivos para pedestres para a circulação de automóveis.

Na foto (tirada num domingo), a rua Barão de Itapetininga, uma das possíveis vítimas do novo projeto, que já sofre com o estacionamento ilegal.

Os órgãos "competentes" fazem vistas grossas ao estacionamento ilegal.... E que se foda quem quer telefonar num orelhão (compre um celular, seu pobretão!) ou caminhar sem ser importunado por uma buzina (sim, os educados motoristas chegam a buzinar nos calçadões!).

Enquanto as grandes cidades do mundo restringem cada vez mais o estacionamento e a circulação de automóveis em regiões centrais, São Paulo dá um exemplo de estupidez e caminha no sentido contrário.

O centrão é cercado por quatro estações de metrô, servido por várias linhas de ônibus e conta até com dezenas de estacionamentos pagos. Mas para que pagar se a prefeitura estimula a ilegalidade e permite o estacionamento em qualquer lugar?

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a miserável vida do paulistano


ilustração retirada do livro "Apocalipse Motorizado (ed. Cornad).

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Diálogo entre pai e filho

Daqui centenas de anos, quiçá dezenas de anos, um diálogo entre um pai e seu
filho ocorrerá dentro de um museu:

- Pai, o que são essas máquinas?

- Eram chamadas de automóveis, meu filho. Serviam para levar os humanos para
diferentes lugares.

- Mas parecem tão grandes e pesados? Quantos humanos levavam?

- Bom, algumas dessas máquinas eram feitas para carregar até 40 pessoas, mas
a maioria, como essas aí, levava só uma.

- Só uma?

- E a máquina pesa mais ou menos 1 tonelada e meia. À vezes mais.

- Que coisa de doido!

- Sim, meu filho, coisa de doido.

- E eram movidas a fusão a frio? Eletricidade?

-Não, isso não existia não. Usavam um tipo de combustível fóssil, um tipo de
óleo retirado da Terra. O motor usava esse combustível com explosão.

- Explosão?

- É, esse querosene antigo explodia dentro do motor e movia umas manivelas,
uns pistões, e a coisa toda andava.

- Queimando querosene?

- Exatamente. Mas não se pode chamar de uma solução elegante. O rendimento
era baixíssimo, coisa de 5, 10% da energia se transformava em movimento.

- E o resto?

- Barulho, calor, e muito CO.

- Mas que máquina estúpida!

- Bom, meu filho, o ser humano passou por isso. Não sei se foi mesmo
preciso, mas aprendemos com a coisa.

- E como andavam? Onde circulavam esses automóveis?

- Em vias, feito pequenos caminhos.

- Como túneis?

- Não, como caminhos mesmo. Não haviam proteções ao lado destes caminhos. As
pessoas ficavam ao lado destes caminhos.

- Mas a que velociadade iam essas máquinas de 2 toneladas?

- Quando não estavam paradas por causa do excesso de automóveis nos caminhos, 60, 80 km por hora. Em alguns caminhos especiais iam a 100, 120 km por hora.

- Com as pessoas ao lado? E uma dentro? Numa máquina de 2 toneladas toda de
aço? Não era perigoso? Não morria ninguém?

- Sim, meu filho. Morria muita gente. Muita gente mesmo.

- Pai! como era estranho esse passado!

- Vamos seguindo, meu filho. Logo ali tem uma mostra da arquitetura do
século 13. Há algumas réplicas de seus calabouços...

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