segunda-feira, agosto 14, 2006

Greve contra a privatização do Metrô



Está marcada para esta terça-feira (15) uma paralisação de 24 horas dos funcionários do metrô contra a privatização da Linha 4 (amarela).

Na saideira dos 12 anos (que podem virar 16), o governo PSDB-PFL faz mais uma vez a alegria dos especuladores ao privatizar o "filé" da infra-estrutura brasileira a preço de banana e se utilizando de métodos nada democráticos.

Para evitar a pressão pública, o Metrô antecipou em quatro horas, na surdina, a "concorrência" entre os dois consórcios participantes. Venceu o grupo MetroQuatro, formado pela Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), Montgomery Participações S.A., Benito Roggio Transportes S.A. (concessionário do Metrô de Buenos Aires) e RATP Développement S.A (Metrô de Paris). A CCR (formada pelas construtoras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Serveng-Civilsan e pela empresa portuguesa de rodovias Brisa) controla seis rodovias altamente lucrativas: Ponte Rio-Niterói (RJ), NovaDutra (SP/RJ), ViaLagos (RJ), RodoNorte (PR), AutoBAn (SP) e ViaOeste (SP).

A participação da iniciativa privada nos serviços públicos não é o problema. Lamentável é ver as bases destas "parcerias":
- a concessão será de 30 anos
- o Governo do Estado, além de realizar TODAS as obras de escavação de túneis e construção de estações, irá doar R$75 milhões para a empresa até 2012.
- cabe à empresa investir R$340 milhões em trens(14 composições até 2008 e mais 15 "a partir" de 2012), sinalização (o que envolve exploração de publicidade) e operação das linhas.

A linha 4, com 12,8km, é o "filé" da rede, certamente será a mais lucrativa de todas as linhas existentes. Além de passar por bairros nobres como Pinheiros e Higienópolis, a Linha 4 irá permitir a integração com a linha Pinheiros da CPTM e com as linhas 2 (Paulista) e 3 (Zona Leste) do metrô.

Vale lembrar que nestes 12 anos de administração tucano-liberal, foram construídos pouco mais de 12km de linhas.

[matéria do Estado de S.Paulo sobre a privatização]
[Sindicato dos Metroviários]
[Metrô - Linha 4]
[plano de emergência da Prefeitura para o dia da greve]

PS (29-11-06):
[notícia do Estadão: TJ libera PPP da Linha 4 do Metrô]

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Comments:
Hmmm... Acho que vou levar uma pedradas aqui.

Eu também não vejo problemas, "per se", de empresas privadas administrando serviços públicos. Na verdade, o que se vê, em geral, é que serviços prestados por empresas privadas, quando as regras de privatização são bem montadas, costumam ser melhores. E não vejo explicação melhor que o fator incentivo que as empresas privadas possuem.

O exemplo clássico para mim são os bandeijões da USP. São 4. 3 deles são administrados pelo COSEAS, órgão da USP que cuida de questões como moradias e auxílios a estudantes. O outro é administrado por uma empresa privada. O fato é que o da Química (o privatizado) serve uma comida muito melhor (opinião unânime por lá), tem a fila que anda mais rápido, e etc. Mas o mais impressionante é que, quando o restaurante foi aberto, a escolha de quem iria administrá-lo foi feita por licitação, onde também concorria o COSEAS. O valor cobrado pelo COSEAS era expressivamente maior que o da empresa que ganhou a concorrência. Por alguma razão o COSEAS, que administra os outros três restaurantes, não podia oferecer um serviço melhor, mesmo com todo o "know-how" da área. Como o critério de escolha foi claro (preço), e o serviço é bom, os estudantes, que são quem importa nessa história, ganharam.

No caso do Metrô, não vejo por que achar que a privatização será algo ruim. O que o consórcio ganhou foi uma concessão por tempo limitado. O metrô continua sendo do Estado, ou seja, não há uma apropriação de bens do Estado. Sem hipocrisia, acho muito mais importante que o serviço seja melhor para os 704 mil passageiros que estabilidade no emprego para alguns funcionários.

Os pontos principais, que eu não vejo nas reportagens, são "quais são os critérios de pagamento das empresas?", "quais são as exigências de qualidade do serviço?", "o que acontece se a empresa não cumprir o exigido?", "quem vai garantir que isso seja feito?". Credenciais, pelo menos, o consórcio tem. Administra o metrô de Paris!!! Torço pelo bom serviço deles.
 
Aqui no Rio os sistemas de trem e metrô foram privatizados nos anos 90. A verdade é que melhoraram bastante! Até pq cessou o sucateamento das linhas de trens suburbanos o que por si já é um grande mérito que não necessariamente precisava ser feito por uma empresa privada. As concessionárias tb apenas operam o serviço enquanto o estado é dono dos trens e de toda a malha. O que eles fizeram foi basicamente reformar trens, vagões e estações, investir em sinalização e com isso imagino que consigam lucrar... Não é muito claro pra mim a lógica do sistema. Mas os serviços privados de ônibus são terríveis justamente pela falta de controle público. Os ônibus são ruins, a rotina de trabalho é massacrante... e por aí vai...

Quando o José Serra passar a ir de trem/metrô pro trabalho as coisas estarão no caminho certo... Até lá, é conversa de milhões sem que quem decide conheça o sistema.
 
O ruim dessa greve é que ela cuida de interesses particulares mas fantasiados de interesse coletivo.
Aqui no Rio melhorou muuito mesmo, o tamanho das linhas e a quantidade de pessoas transportadas. E é isso que interessa.
Agora, trabalhador de empresa particular raramente faz greve... A estabilidade de funcionários públicos é ruim, deixa o Estado à mercê desse corporativismo.
 
Veja o que diz uma matéria do Jornal do Brasil:

"São Paulo não necessitou de capital alheio para construir as linhas que estão operando, nem para a infra-estrutura do novo percurso. Por que entregar a exploração por um prazo de 30 anos aos privilegiados, de certa forma já pré-escolhidos pelo edital?"

Mais adiante: "O governador Alckmin, que tem tentado parecer sereno, demonstrou sua prepotência, ao exigir que o Poder Judiciário puna os grevistas. Essa prepotência é comum aos tucanos paulistas, quando se encontram no poder."

Matéria completa em
http://tinyurl.com/ja9uv
 
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