terça-feira, maio 31, 2005

Sexta tem Bicicletada - Olé na chuva!


(arte: pedalero)

A chuva lavou São Paulo mas não levou a Bicicletada!

Bicicletada extraordinária: vamos dar um olé na chuva!

O que é?

A Bicicletada é uma pedalada mensal para celebrar e reivindicar os direitos e o espaço de quem usa transporte não-motorizado nas ruas.

Quando?
Desde a sua 32a edição, a Bicicletada paulistana passou a acontecer sempre na última sexta-feira de cada mês, em sincronia com os movimentos de Massa Crítica (critical mass) ao redor do mundo. A 33a edição da pedalada foi prejudicada pelo maior temporal dos últimos 37 anos (veja o relato aqui). Mas não desistimos: estamos de volta na próxima sexta-feira (03/06), às 18h, Paulista X Consolação (ao lado da casinha de polícia).

Como participar?
O único requisito é estar munido de um veículo não-motorizado (bicicleta, patins, patinete, etc).
* É altamente recomendado usar o equipamento de segurança básico (capacete, luzes ou refletores).

O que levar?
Na Bicicletada, hierarquia e burocracia são substituídas por xerocracia. O site da Bicicletada tem um arquivo de panfletos. Imprima, tire xerox e venha para a rua. Se preferir, crie a sua mensagem e traga para o encontro. Vale ainda fazer placas, faixas, música e o que a sua imaginação permitir.

Venha participar desta festa por uma cidade mais agradável, menos poluída e menos agressiva.
Ocupe a rua, ela também é sua!

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segunda-feira, maio 30, 2005

Oswaldo Nascimento, bicicleteiro cartográfico


Outro dia estava procurando uma rota no guia Mapograf e me deparei com uma história sensacional.

Para desenhar o primeiro guia de ruas de São Paulo, o cartógrafo Oswaldo Nascimento percorreu 8.600 vias da capital munido de lápis e papel. Seu veículo? Uma BICICLETA, claro!

Nascimento publicou sua obra em 1947 e faleceu em 1988. Hoje O Guia Mapograf é o mais completo guia de ruas da cidade.

Na primeira versão da Melhor Planta de São Paulo, Nascimento fez também o levantamento topográfico das ruas percorridas.

Infelizmente a topografia foi eliminada e hoje não existe nenhuma publicação que combine rotas e relevo. Tal publicação facilitaria bastante a vida dos milhares de ciclistas urbanos. Conhecer a melhor rota é fundamental para circular de bicicleta, principalmente em uma cidade cheia de montanhas e vales como São Paulo.

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domingo, maio 29, 2005

Não morra por causa do trânsito


(clique para ampliar)

"Depois de uma parada cardíaca, você tem 5 minutos para ser socorrido. Uma ambulância geralmente demora mais".

Esse é o slogan de um anúncio um tanto incomum: um desfibrilador da Phillips.

Diversas pesquisas ao redor do mundo afirmam que o estresse causado pelo trânsito e a poluição atmosférica agravam a chance de problemas no coração.

Novamente a velha lógica: proteja-se da estupidez de sua própria espécie.

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quarta-feira, maio 25, 2005

São Paulo, São Pedro e São Cristóvão


(fotos: João Campos, luddista e taxista amigo) (clique para ampliar)

São Paulo não gostava muito de bicicletas. Mesmo assim, parecia admitir um grupo cada vez maior de ciclistas se organizando para conseguir um pouco de tranquilidade nas ruas da cidade que leva o seu nome.

São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, estava inconformado com a tolerância de Paulo. Ficou preocupadíssimo com a 33a bicicletada, que aconteceria na véspera de um feriado e prometia reunir um grupo numeroso de ciclistas criativos.

O padroeiro dos motorizados, depois de muito argumentar com Paulo, viu que gastava saliva em vão. Paulo estava até gostando da "magrela".

Cristóvão, indignado porque 25 é o seu dia, teve uma idéia. Chegou até São Pedro e disse: "Pedro, te empresto minha BMW por uma semana se você fizer cair a maior tempestade do ano na cidade do Paulo". Pedro, imaginando o status e as mulheres prometidas pelos comerciais, fez chover durante dois dias na capital. O maior temporal dos últimos 37 anos.

Mesmo assim, quatro relutantes ciclistas desafiaram as áugas de Pedro e celebraram o transporte não motorizado Foi a mais feliz bicicletada que não aconteceu.


Mesmo debaixo d´água, nossa mensagem estava lá.


Lá pelas 7 da noite, a chuva deu uma trégua e conseguimos tirar esta foto.

Em junho tem mais. Nossa Senhora do Ghisallo, a santa protetora dos ciclistas, prometeu que vai levar São Cristóvão para dar uma voltinha de bicicleta.

Outro excelente relato com mais fotos em: http://www.mireveja.cjb.net//maio

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terça-feira, maio 24, 2005

33a Bicicletada de SP - amanhã (qua), 18h


(arte: pedalero)

O que é?
A Bicicletada é uma pedalada mensal para celebrar e reivindicar os direitos e o espaço de quem usa transporte não-motorizado nas ruas.

Quando?
Desde a sua 32a edição, a Bicicletada paulistana passou a acontecer sempre na última sexta-feira de cada mês, em sincronia com os movimentos de Massa Crítica (critical mass) ao redor do mundo. Desta vez, em virtude do feriado, a Bicicletada foi antecipada para a próxima quarta-feira (25), às 18h.

Como participar?
O único requisito é estar munido de um veículo não-motorizado (bicicleta, patins, patinete, etc).
* É altamente recomendado usar o equipamento de segurança básico (capacete, luzes ou refletores).

Na Bicicletada, hierarquia e burocracia são substituídas por xerocracia. O site da Bicicletada (www.bicicletada.org/sp) tem um arquivo de panfletos. Imprima, tire xerox e venha para a rua. Se preferir, crie a sua mensagem e traga para o encontro. Vale ainda fazer placas, faixas, música e o que a sua imaginação permitir.

Venha participar desta festa por uma cidade mais agradável, menos poluída, menos agressiva.

Ocupe a rua, ela é sua!

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segunda-feira, maio 23, 2005

Nova seção: bem-vindo, ciclista

"Bem-vindo, ciclista": um guia de locais que já se adequaram ao futuro das cidades e contam com estacionamento para bicicletas.

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sábado, maio 21, 2005

33a Bicicletada São Paulo


(arte: pedalero)

:. porque a rua é de todos!

mais informações: www.bicicletada.org

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sexta-feira, maio 20, 2005

Mais duas vítimas dos automóveis.

Ontem morreram atropelados dois ciclistas que treinavam na rodovia dos Bandeirantes. O :.apocalipse motorizado lamenta profundamente mais estas duas vítimias da velocidade e do peso dos automóveis.

A Federação Paulista de Ciclismo e alguns grupos de ciclistas-atletas automaticamente associaram as mortes à proibição decretada pela USP às bicicletas. Hoje pela manhã, cerca de 300 pessoas protestaram na frente da universidade. A informação é do UOL, que noticiou na seção de esportes (e não transportes ou cidade).

O :.apocalipse motorizado não concorda com esta associação e com o uso oportunista das mortes para este protesto, apesar de ser radicalmente contra a proibição de bicicletas no campus.

Recapitulando:
- a USP não é o local adequado para o treinamento de alta performance, pois este não permite que o ciclista faça paradas. Como sabemos, a USP não tem semáforos, mas tem faixas de pedestre e na faixa a preferência é sempre do pedestre;
- os atletas que agora protestam reivindicam o espaço de treinamento perdido e não os direitos do ciclista nas ruas;
- a maior parte dos atletas que usavam a USP têm como meio de transporte o automóvel. Não andam de bicicleta nas ruas porque as ruas são muito perigosas (ironicamente, por causa dos carros);
- a luta do cislista urbano é por uma cidade mais agradável, menos violenta e menos poluída. Lutamos pela coexistência pacífica entre motoristas, motociclistas, ciclistas, pedestres, cadeirantes e carroceiros. Para a construção desta cidade, a bicicleta é uma arma poderosíssima. Infelizmente a maioria dos atletas que agora reivindica a reabertura da USP não participa das ações que visam legitimar a bicicleta nas ruas.

Por fim, resta a pergunta:
Onde a maioria dos 300 protestantes estacionaram seus carros para protestar hoje de manhã? Dentro da USP?

leia também:
- USP x atletas: ato na segunda (24.abr.2005)
- USP x bicicletas: mais um capítulo (16.mai.2005)

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quinta-feira, maio 19, 2005

Novos horizontes?


Já faz algum tempo que toda "boa" promoção contempla os vencedores com automóveis. A nova campanha de assinaturas do Estadão seguiu a mesma linha.

O slogan "novos horizontes" é associado a idéia de liberdade. Tá certo, um carro realmente permite viagens longas em um país que asssassinou sua malha ferroviária a partir da década de 50.

No entanto, o uso do automóvel na cidade provoca efeito exatamente oposto: os horizontes de quem anda de automóvel são cada vez menores. O trânsito sufocante, o medo da violência, os vidros fechados, a blindagem e o insul-filme fazem com que as pessoas deixem de frequentar as ruas.

O horizonte de quem anda de carro são as placas, os semáforos e o congestionamento. Quem anda a pé, de bicicleta ou transporte público acaba indo muito além da visão através do para-brisa escurecido; interage com a rua, vive o desconhecido, descobre caminhos, ruas, lojas, praças e passa a conhecer muito melhor a cidade em que vive. Isso sim são novos horizontes em tempos de clausura paranóica, das câmeras de vigilância, da poluição, dos alarmes e do medo.

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quarta-feira, maio 18, 2005

Vitrine


(foto: Daniel Helene) (clique para ampliar)

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terça-feira, maio 17, 2005

Sábios e idiotas


A foto acima registra um assassino em potencial ou, na melhor das hipóteses, um suicida motorizado. Meu amigo Zé Kley (do blog papelotes) foi quem deu a dica desta matéria da revista Quatro Rodas que traz o depoimento de um playboizinho flagrado a 189km/h na Marginal Pinheiros. E o cara-de-pau ainda reclama da fiscalização.

É bom reclamar enquanto vive: depois que encontrar um poste no caminho, fica difícil dizer alguma coisa (só torcemos para que o futuro acidente não envolva outros motoristas, pedestres ou ciclistas).

De Salvador vem uma grande notícia: a prefeitura irá proibir o acesso de veículos ao Pelourinho. A medida visa preservar o centro histórico e garantir a segurança dos pedestres. Que o exemplo ilumine a mente dos administradores paulistanos, que fazem vistas grossas à ocupação ilegal do centro por automóveis e já cogitaram abrir os calçadões para o trânsito de veículos.

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segunda-feira, maio 16, 2005

USP X bicicletas: mais um capítulo


Não tive como ir até a USP para verificar, mas chegou ao meu conhecimento que a Caloi colocou dois outdoores na entrada do campus (imagem acima). Na semana passada foi anunciado também que o autódromo de Interlagos será aberto para o treino dos atletas que praticam ciclismo.

A boa e lúcida campanha da Caloi segue a linha do chamado "bike advocacy" (defesa das bicicletas), que começa a ser usado com mais freqüência na estratégia de marketing da empresa. O primeiro passo foram os cinco filmes publicitários protagonizados pelo VJ Edgard Picolli, que mostrava nas ruas as vantagens da bicicleta como meio de transporte.

Já não era sem tempo: segundo pesquisa da Abraciclo, 53% da frota de bicicletas é de uso urbano e não dos caros modelos esportivos (apenas 1%). Resta torcer para que o preço das bicicletas também siga esta tendência de oferta/demanda: enquanto uma bicicleta de uso urbano da Caloi não sai por menos de R$600, uma mountain bike é oferecida pela metade do preço.

Interlagos é muito longe
A decisão de abrir o autódromo para os atletas órfãos da USP deverá agravar a situação kafkaniana da capital mais motorizada do país. Certamente os ciclistas-atletas vão reclamar que o autódromo de Interlagos é muito longe. Afinal, boa parte dos atletas que treinava na USP não usa a bicicleta como meio de transporte. Para levar suas bicicletas de carro até o autódromo, terão que enfrentar um trânsito insuportável.

Estranho paradoxo: os atletas não treinam nas ruas porque são ameaçados e desrespeitados pelos motoristas, além de enfrentar o asfalto esburacado pelo peso dos motorizados. Aí vão até a USP de carro e lá dentro passam a ameaçar e desrespeitar pedestres e motoristas.

Para resolver o problema da forma mais fácil, a USP resolveu proibir todos os ciclistas, deixando a universidade livre para o automóvel, meio de transporte mais nocivo à vida nas cidades. Os atletas, que eram o "problema" apontado pela USP, ganharam então um novo lugar para treino. Só que este lugar é bem pior, exatamente por causa do trânsito causado pelos automóveis dos próprios atletas e dos outros motoristas.

Boa parte dos atletas que reivindicam o espaço de treinamento perdido não participa das ações de promoção da bicicleta como meio de transporte. Talvez esta seja uma boa oportunidade para que estes se aproximem dos ciclistas urbanos na luta por uma cidade mais agradável (e não apenas para exigir espaço de treinamento). Afinal, todos foram prejudicados pela medida da USP e todos vivem nesta cidade caótica, poluída e congestionada.

Triste mesmo será se os atletas se contentarem com o novo local e os ciclistas urbanos continuarem proibidos de circular na USP. Teremos então um velódromo dentro de um local destinado aos carros (Interlagos) e um autódromo na USP, espaço que deveria estimular meios de transporte inteligentes como a bicicleta. Paradoxos do subdesenvolvimento.

(leia também outro texto publicado anteriormente neste blog ou a matéria do Estadão sobre a abertura do autódromo para os atletas)

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sexta-feira, maio 13, 2005

Pode passar, a faixa é sua


(foto: João Campos) (r. Bela Cintra)

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quinta-feira, maio 12, 2005

Pedestre, a preferência não é sua.


(praça Oswaldo Cruz) (clique na foto para ampliar)

Alguém já viu uma faixa oficial dizendo: "motorista: amarelo não é verde" ou "quando não houver semáforo específico, a preferência na faixa é sempre do pedestre"?

As campanhas, geralmente apoiadas/patrocinadas por empresas de seguro (neste caso, a Porto Seguro), visam garantir o fluxo e a segurança de quem está dentro dos veículos. "Não pare em fila dupla", "Crianças, só no banco traseiro" ou "Use o cinto de segurança" são as campanhas educativas nesta terra. Ao pedestre, resta apertar o botão e aguardar...

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quarta-feira, maio 11, 2005

EcoSport - destrua a vida


Como diria aquela máxima da propaganda: uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Ué, mas esta frase não é de Joseph Goebbels, nazista alemão responsável pela propaganda de guerra? Sim, mas nos tempos orwellianos do século XXI, "guerra é paz" e a paz (ou a guerra) é a paz de mercado. A democracia não é mais para as pessoas, mas sim para o mercado. Liberdade? Só para os produtos, pois os empregados indonésios ou mexicanos da Nike continuam proibidos de imigrar para os EUA, onde fica a sede da empresa.

Tenho um olhar seletivo para a propaganda. Seletivo quer dizer: mudo de canal ou deixo no "mudo" durante os comerciais, pulo sem ver as páginas de anúncios em jornais e revistas, devolvo aos Correios propaganda indesejada dizendo que o destinatário faleceu e simplesmente não presto atenção em outdoors (prefiro ver as árvores ou as expressões de tédio dos motoristas).

Mas uma matéria do Estadão (02.mai.2005, p. b12) trazia a seguinte manchete: "O vale-tudo das montadoras para conquistar o consumidor". Passei a procurar propagandas de automóveis. São tão bizarras quanto as de cigarro que existiam antigamente. Enquanto o cigarro mostrava pessoas jovens, bonitas e praticantes de esporte, os automóveis são anunciados como a salvação moderna, trazendo conforto, segurança e prazer, além de uma forma rápida de conquistar mulheres maravilhosas como símbolo de status e glamour.

Decidi criar uma nova seção no site: "Compre! Congestione! Polua!", dedicada aos gênios goebbelianos do marketing moderno. Pra começar, uma homenagem à nossa querida Ford, que criou uma máquina poluidora chamada "EcoSport" e ainda tem a cara de pau de colocar como slogan "bem vindo à vida". Como sabemos, os automóveis (e seus motoristas) paulistanos são responsáveis pela morte de 1500 pessoas por ano diretamente em acidentes de trânsito. Isso para não falar nas vítimas indiretas do sedentarismo, da poluição, do estresse e da baixa qualidade de vida.

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terça-feira, maio 10, 2005

Menos vagas, mais ciclovias e faixas de ônibus


(espaço público ocupado pelas propriedades privadas)

O Estado de S. Paulo do último domingo trouxe uma matéria sobre o gasto dos paulistanos com estacionamento. Os carro-dependentes chegam a gastar R$447 por mês só para estacionar seus automóveis.

A notícia repercutiu na segunda-feira em alguns programas de TV. A maior parte mostrava o "valor absurdo" cobrado pelos estacionamentos, chegando a sugerir que os preços fossem tabelados (ué, mas não vivemos tempos de livre-concorrência?). Transporte público? Bicicleta? Não... isso é só para quem não "venceu na vida".

Expropriação legalizada
Os automóveis são propriedades privadas e ocupam muito espaço, ainda mais se pensarmos que a taxa de ocupação na cidade é de 1,2 pessoas por veículo. Estacionar de graça nas ruas (espaço público) é uma incongruência gigantesca; a função básica de uma rua é a circulação de veículos (motorizados e não-motorizados). Por isso as pessoas não podem montar piscinas de plástico ou churrasqueiras junto ao meio-fio nem aos domingos.

Em uma cidade que vive entupida pelos carros, uma boa idéia seria restringir ainda mais o estacionamento grátis. O monstruoso espaço ocupado pelos carros poderia ser transformado em ciclovias, praças, canteiros, corredores de ônibus e até em novas faixas de circulação para automóveis.

Sobre a matéria do Estadão, só resta dar risada ao saber que os frequentadores da nova Daslu (centro de compras para grã-finos) terão que desembolsar R$30,00 pela primeira hora de estacionamento. Será que tem estacionamento para bicicletas?

É um gênio!
Resta também lamentar a lógica automobilísitica do consultor de trânsito Luiz Célio Bottura: "Se houvesse estacionamentos privados suficientes, ninguém ia parar na rua, o que livraria pelo menos uma faixa a mais para o trânsito fluir". Só que não há e nunca haverá espaço suficiente para todos os carros; ao menos enquanto o planejamento urbano e econômico continuar voltado para o estímulo aos automóveis.

Vale lembrar que Bottura sugeriu recentemente que os ciclistas deveriam trafegar na contra-mão. Pela lógica do engenheiro, os ciclistas devem se proteger dos carros. Imagino que os pedestres também seriam obrigados a redobrar sua atenção, já que as ruas de mão única passariam a ter tráfego nos dois sentidos (carros em um e bicicletas em outro).

Bottura subverteu a lógica de coexistência pacífica no trânsito ao afirmar que os mais fracos devem se proteger dos mais fortes, quando o Código de Trânsito e o bom-senso prevêem exatamente o oposto. O engenheiro também se esqueceu das aulas de física: em um choque de dois corpos em sentidos opostos, as velocidades são somadas (ou seja, o estrago é bem maior).

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Pesquisa argentina - a maior invenção

A versão argentina do portal Terra está realizando a mesma enquete feita pela Rádio 4 da BBC, que elegeu a bicicleta como a maior invenção humana desde 1800. A pergunta é: qual a maior invenção de todos os tempos? Entre as opções, bicicleta, rádio, eletricidade e automóvel.
Vote aqui.

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segunda-feira, maio 09, 2005

Bicicleta: a maior invenção desde 1800


A bicicleta foi eleita a maior invenção humana desde 1800. A escolha foi feita pelos britânicos, através de uma enquete realizada pela Rádio 4, da BBC.

A "magrela" obteve 59% dos votos; em segundo lugar ficou o transistor (8%) e, em terceiro, o anel de indução eltromagnética (meio para produzir eletricidade). Os computadores (6%) e a internet (4%) ficaram para trás.

Os primeiros esboços de um veículo de duas rodas com tração por corrente (o princípio da bicicleta) foram traçados por Leonardo da Vinci, ainda no século XV. No entanto, a invenção "oficial" só aconteceu no final do século XVIII. (veja mais sobre a história da bicicleta aqui ou aqui)

Se você também gosta de bicicleta, asssita à coletânea de vídeos From Portland with bike love. São filmes variados e divertidos que você pode baixar gratuitamente (e legalemente) através do BitTorrent. Veja aqui a página oficial, com instruções para o BitTorrent e link para os vídeos (em inglês).

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sábado, maio 07, 2005

Pode passar, a calçada é sua


Sábado, dia em que os salões de beleza ficam cheios em São Paulo. A foto acima foi tirada em frente a um destes, no Alto de Pinheiros. O pisca-alerta, que deve ser usado apenas em caso de emergência, garante a imunidade da pick-up estacionada em local proibido. Os outros dois carros afirmam que calçada não é lugar de pedestre.

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sexta-feira, maio 06, 2005

Hora do rush?


Av. 23 de maio, 15h30 de sexta-feira.
Já faz tempo que São Paulo não tem a chamada hora do rush. Existem apenas os horários ruins e os muito ruins. Culpa dos 3,5 milhões de veículos particulares que circulam na cidade todos os dias. Ainda bem que o resto da frota de 5,6 milhões de veículos fica em casa.

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quinta-feira, maio 05, 2005

Seguranca em cima de tudo



O negócio mais próspero em São Paulo é a indústria da segurança privada. Em simbiose com a indústria do medo (TV, jornais e "revistas" como a Veja), a segurança está acima de tudo na vida do paulistano. No caso da foto acima, o carro de segurança está mesmo é "em cima" da faixa de pedestres.

Segundo dados do Sindicato dos Empregados em Empresas de Vigilância, a cidade de São Paulo tem 97 mil vigilantes particulares (dos quais apenas 27 mil legalizados) (Folha de São Paulo, 31.mar.2004, p. C3). A Polícia Militar, por sua vez, conta apenas com 25 mil policiais nas ruas da capital.

Estima-se que a indústria anti-paranóia movimente mais de R$4,5 bilhões por ano em todo o páis, sem contar as empresas clandestinas.

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quarta-feira, maio 04, 2005

A polícia também pára na calçada


Para defender a população, investigar crimes ou simplesmente comer uma coxinha, a polícia de São Paulo (civil ou militar) também usa e abusa do estacionamento nas calçadas. Este veículo da polícia civil, por exemplo, é "habitué" nesta esquina. Passa horas estacionado no local.

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terça-feira, maio 03, 2005

Até tu, TV Cultura?



O flagra acima é de um carro da TV Cultura, mas o estacionamento irregular é comum às grandes redes de tevê, aos jornais e revistas. Deve existir alguma norma oficial que dá esta liberdade à imprensa. Afinal, teoricamente, os veículos de mídia estão a serviço do interesse público.

Por uma questão de bom-senso e cidadania, imagina-se que o estacionamento irregular seja o último recurso da equipe jornalística na tentativa de colher a informação, ou seja, apenas um fato urgente acontecendo ao lado do carro de reportagem ou outra situação especial poderiam justificar a transgressão.

A urgência quase nunca existe e a "liberdade" não se restringe ao jornalismo. Também recebem o privilégio as equipes de programas como Luciana Gimenez, do tal de "Leão", de canais de variedades, canais de vendas, programas de fofoca ou de escândalo, dos programas de igrejas ou seitas, das pegadinhas... Basta ser "da mídia", que tá liberado.

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segunda-feira, maio 02, 2005

Se Ayrton Senna estivesse de bicicleta...


Se Ayrton Senna estivesse passeando de bicicleta na bela manhã daquele domingo, 1º de maio de 1994, provavelmente estaria vivo até hoje. Mas Senna era amante da velocidade motorizada e, naquela manhã, morreu dentro de um carro a 300km/h. Assim como Ayrton Senna, 50 mil brasileiros morrem a cada ano por causa dos “acidentes” de carro (pedestres e motoristas). Entre os motoristas, a ampla maioria estava numa velocidade incompatível com a via, a situação ou a sua condição física. Já os pedestres têm pouca chance de sobreviver em um choque com duas toneladas de aço.

No mundo, os automóveis e seus motoristas são responsáveis por 1,2 milhões de mortes por ano (revista Veja, 04.nov.2000). O trânsito é a maior causa de óbitos entre os homens (OMS), apesar de dizerem por aí que as mulheres são as más motoristas.

Até hoje não entendo por que é permitido fabricar e vender automóveis que chegam a 180km/h, 200km/h se o limite máximo de velocidade em todo o país não ultrapassa os 120km/h (e se a velocidade na cidade fica em torno de 30km/h). É como permitir a venda de uma metralhadora automática mas dizer que o sujeito só pode dar um tiro por vez com bala de festim. Isso pra não falar das propagandas de veículos, verdadeiras apologias criminosas à velocidade.

De Borba Gato ao automóvel
Na foto acima, a homenagem da cidade de São Paulo ao piloto: o monumento que fica em cima do túnel Ayrton Senna, obra iniciada pelo então prefeito Paulo Maluf. Outra homenagem, desta vez estadual, foi a mudaça de nome da Rodovia dos Trabalhadores: os anônimos homenageados deram lugar à marca Ayrton Senna.

Pelo complexo de três túneis que ligam a 23 de maio ao Morumbi (ou à USP) não circulam ônibus nem bicicletas, apenas veículos particulares, taxis e motocicletas. Geralmente a velocidade média não passa dos 30km/h. Afinal, em São Paulo, um túnel é a distância mais curta entre dois pontos de congestionamento.

A obra tem cheiro de superfaturamento (mais um na carreira de Maluf). Segundo técnicos do setor, com o que foi gasto para construir os túneis (que passam por baixo do lago do Ibirapuera e do Rio Pinheiros) era possível construir uma linha inteira de metrô (incluindo as estações). Mas São Paulo não gosta de metrô, São Paulo gosta de Ayrton Senna. Que descanse em paz... junto com os outros milhões de pilotos urbanos e suas vítimas mortos a cada ano.

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De volta ao centro - domingo, 24


No próximo domingo (24), cidadãos indignados com o estacionamento ilegal de automóveis nos calçadões do centro voltarão a se manifestar de forma pacífica e criativa. "Multaremos" os carros do calçadão para permitir a vida no centro. Participe você também! A atividade acontece a partir das 13h, nas escadarias do Teatro Municipal.

Aos finais de semana existe uma enorme tolerância ao estacionamento ilegal. Muita gente ainda acredita que atrair carros significa dar vida a uma região degradada. Nós acreditamos que os carros estrangulam a vida, poluem, ocupam espaço demasiado e degradam as cidades.

Veja textos e fotos sobre o tema:
- Viva o centro... sem carros
- Viva o centro... sem carros (parte 2)
- Viva o centro... sem carros (parte 3)
- Especial centro 02 :. calçadão da Luz
- Especial centro 03 :. Paulo Mendes da Rocha: "É um desastre completo"
- Especial centro 04 :. o espaço ocupado

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