quarta-feira, janeiro 31, 2007

Lugar de criança é na rua



Antes do automóvel impor sua lógica às cidades, as ruas serviam também para a convivência e para o lazer. A transformação do espaço urbano em local destinado prioritariamente à circulação de máquinas fez com que as ruas se tornrnassem perigosas.

O carro, propriedade privada, também rouba espaço público das crianças quando estacionado. Em vez de calçadas largas, "playgrounds" e praças, uma longa fila de automóveis estacionados.

A lógica do carro, como já foi dito neste blogue, é parceira da especulação imobiliária. A construção de prédios e condomínios com gigantescas áreas privadas de lazer também é característica da São Paulo segregacionista. Nas regiões mais verticalizadas e ricas da cidade, não é raro encontrar dez quadras esportivas e dez piscinas em um só quarteirão. Quase todas permanecem vazias durante boa parte do ano.

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Comments:
Eu vou da pompéia até a cidade universitária a pé quase todos os dias e a coisa mais rara, depois de anos fazendo isto, é encontrar alguma criança no caminho. É difícil lembrar de alguma. Esporadicamente se vê alguma na praça do pôr do sol com as babás.

Apesar de ser uma região rica, onde teoricamente os brancos vivem, eles também são difíceis de serem encontrados. O que se vê no máximo são empregados indo ou voltando do trabalho ou levando os cachorros dos bacanas para passear (e cagar na rua...).
 
Todo prédio construído hoje em dia tem uma "quadra" de 5m X 7m e uma banheira avantajada. Todo prédio.

É óbvio que ninguém usa estas porcarias. É impossível fazer algo além de ficar parado.

Este é resultado desta polítca urbana totalmente provatizada que se tem em São Paulo e quase todos os outros lugares do Brasil. Se cada quarteirão ou um pequeno número de quarteirões juntasse a área dedicada a estas "opções de lazer" inúteis, poderia se contruir um centro poliesportivo considerável que todos poderiam utilizar de verdade. Nada como nadar numa piscina de verdade.

Enquanto um cara puder comprar duas casas e construir um prédio em qualquer lugar do jeito que se quiser, vai continuar sendo esta porcaria.

É difícil imaginar o que estas crianças de hoje vão se tornar. Dá medo pensar nisso!
 
Eu estava comentando outro dia com meu amigo que cresci em São Paulo e a única oportunidade que tive de brincar na rua quando criança, foi entre 93 e 94, quando minha família se mudou para Valinhos.
Em São Paulo desde 88 é difícil de se ver crianças brincando na rua.
Morei 3 anos, até ano passado em Taubaté e considero praticamente uma cidade modelo. Arborizada, com ciclovias bancadas por uma das maiores empresas daqui, a Alstom e é difícil de se ver alguém chegando nas escolas com outro transporte a não ser bicicleta.
 
Infelizmente, hoje em dia a violência e a intolerância imperam nas grandes cidades, então é mais fácil cada condomínio montar sua área de lazer, pois as pessoas não têm coragem (ou sei lá o que se passa na cabeça delas), de compartilhar o espaço público, com pessoas de outros grupos, credos, raças...
Tudo bem, da medo ficar na rua, com a cambada de delinqüentes que existe hoje, mas não conviver? Não conversar? Não conhecer pontos de vistas diferentes?
Eu moro a vida toda na periferia (vinte e muitos anos), e por lá, ainda temos crianças brincando na rua (talvez porque muitos ainda não tenham conseguido comprar um veículo)...
Acho incrível, pois trabalho em uma empresa de médio porte, com pessoas de boa cultura e condição social, mas quando convido alguém pra ir ao SESC, a resposta é: Você tem coragem de nadar naquela piscina? (como se o banheiro da balada que eles freqüentam fosse mais limpo do que a piscina é).
A verdade é que as pessoas parecem acomodadas, não querem dividir os espaços com pessoas fora do grupo dela...
Desculpem o desabafo, mas essa situação me deixa indignado!!!
 
É muito triste, minha irmã (com 27 anos agora) foi a última geração a brincar na rua, ali no Brooklin, bairro de classe média - alta...até 1990, mais ou menos. Depois vieram nova Faria Lima, a Behinni virou aquilo, várias casinhas do bairro hoje são escritórios (ilegais), à noite e no final de semana algumas ruas viram 'fantasmas'. Não moro mais lá por isso, prefiro minhas lembranças de quando fechávamos a rua e fazíamos festa junina...
 
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