segunda-feira, setembro 25, 2006

22 de setembro pelo mundo


(cartaz do Dia Sem Carro em Toronto, Canadá - streets are for people)

Ao redor do planeta se multiplicam ações pela construção de cidades mais humanas e de um mundo mais sustentável e menos violento. Ações anti-consumo, anti-carro, anti-guerra, anti-globalização corporativa, em favor da criatividade, dos meios de transporte sustentáveis, da convivência no espaço habitado e da valorização da diversidade cultural e econômica.

A jornada de 22 de setembro procurou promover a reflexão sobre o uso excessivo de automóveis nas cidades. Questionar a cultura do carro e mostrar que outras alternativas de mobilidade são possíveis, mas também estimular o resgate de espaços (físicos ou abstratos) perdidos para a cultura individualista e auto-destrutiva que sustenta o carro no centro dos imaginários "ocidentais".

Esta árvore demora para crescer, ainda mais em solo tão áspero quanto o subdesenvolvido. Mesmo assim, diversas sementes foram plantadas, em pequena ou larga escala, para que os outros 364 dias do ano sejam vividos em cidades mais humanas, agradáveis, realmente democráticas e plurais.

Em São Paulo o dia foi repleto de atividades. Veja o relato completo aqui.


(foto: Deisi Resende)

No Rio de Janeiro, a Transporte Ativo, através do diálogo público e de ações concretas, conseguiu dar um belo passo para a "revitalização" do bicicletário da cinelândia (centro).

O estacionamento de bicicletas dentro da garagem, previsto no edital de concessão, não estava sendo mantido pela empresa administradora. No Dia Sem Carro, os três cavaleiros anti-apocalipse e outras dezenas de ciclistas mantiveram o espaço em funcionamento. A previsão é de vitória: o bicicletário deverá entrar em funcionamento "oficial" em breve.

Isso sem falar na Vaga Viva em 21 de setembro e no desafio intermodal de agosto...

Bicicletário da Cinelândia
[vídeo TA] [foto] [matéria TVE] [O Globo]

Vaga Viva
[vídeo TA] [foto] [foto] [JB -17/09] [O Globo - 04/09] [JB - 22/09] [Band - 21/09]




Em Belo Horizonte rolou um belo concurso de frases para bicicletas promovido pelo Mountain Bike BH durante o Dia Sem Carro. A cidade ainda teve ruas transformadas em praças, um fenomenal bicicletário em forma de carro e uma bicicletada.

[concurso de frases para bicicletas do Mountain Bike BH]

fotos (por Martuse): [1], [2], [3], [4], [5], [6], [7]

[Globo - MGTV1 - 22/09] [Globo - MGTV2 - 22/09] [Hoje em Dia - 23/09]



Curitiba

[Bicicletando - ótimos vídeos]

[Band 1] [Band 2] [Jornal do Estado]


Florianópolis

[Diário Catarinense]


Porto Alegre

[Jornal JA]


Toronto (Canadá)

[fotos 1] [fotos 2] [fotos 3]


São Francisco (EUA) - Vaga Viva


[fotos]

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Comments:
em bh realmente a adesao tem sido muito baixa... mas o que espanta é a forma que tem sido conduzida a bicicletada, com os participantes sendo escoltados pela BHTrans, que é o mesmo orgao que permite que 7 familias sejam donas de todas as linhas de transporte coletivo de bh, que como no brasil todo, é caro e de baixa qualidade. e os apoiantes entao? só grandes empresas... cobertura de rede globo... é... assim as coisas vao se espetacularizando e passando para o previsivel...
abraço
 
Caro Luther,

Vamos colocar os pingos nos is, para esclarecer. A Bicicletada é uma coisa, a pedalada-manifesto do Dia Mundial Sem Carro é outra. Aquela é geralmente organizada pela AMAB (Associação Mineira dos Amigos da Bicicleta), e acontece em um sábado do mês; essa é realizada pelo clube informal de ciclismo Mountain Bike BH e acontece no dia 22/9, desde 2005.

Existe uma inciativa chamada Comitê BH pela Mobilidade Sustentável, capitaneada pela ONG Ruaviva e formada por várias entidades, entre elas a BHTrans e o MTB-BH. Esse Comitê organiza o DMSC (ou Dia na Cidade sem meu Carro) em Belo Horizonte, articulando diversos eventos. Um deles foi o Vaga Viva, no dia 22/8, quando algumas vagas de estacionamento na rua foram convertidas em espaços de convivência. No dia 22/9 alguns quarteirões da Savassi foram convertidos também em espaços de convivência, e foram distribuídos panfletos educativos ao longo do dia. À noite, realizamos a pedalada-manifesto pela Avenida do Contorno, dando uma espécie de abraço simbólico na cidade e distribuindo panfletos educativos para motoristas e ciclistas. Embora fizesse parte da programação "oficial", esse pedal-manifesto de exclusiva responsabilidade e organização do MTB-BH.

O ideal é que um movimento como essa pedalada fosse feito de forma integrada ao trânsito, sem batedores da PMMG, sem escolta da BHTrans e sem um carro de resgate. Não só pela integração, mas porque isso seria algo mais no espírito não-motorizado do dia. Entretanto, muita gente, não sem razão, jamais se arriscaria a transitar de bicicleta pelas ruas da região central da cidade. Como pretendíamos ter a maior visibilidade e a maior adesão possíveis - inclusive via Rede Globo, claro -, optamos pela escolta, que, acreditamos, incentivaria os receosos. E foi uma opção acertada, porque houve um acidente mais ou menos grave e diversos problemas mecânicos - a estrutura motorizada foi providencial nesses momentos.

A BHTrans é um órgão público criado muito depois da distribuição de concessões de linhas de ônibus para empresários da cidade. Nem se quisesse, ela poderia, de uma hora para outra, cancelar essas concessões e dá-las às sete famílias mais pobres da cidade. Há contratos envolvidos. E, infelizmente, resolver o problema da concentração de propriedade das viações não resolveria o problema do trânsito na cidade. Na BHTrans há vários funcionários que têm interesse em tornar o órgão mais atuante em relaçao ao desenvolvimento da mobilidade ciclística na cidade, como há outros que não enxergam na bicicleta uma alternativa. Temos procurado estreitar nosso contato com os primeiros, porque já ficou claro que há ali um espaço a ser ocupado. Acreditamos que, quanto mais próximos dos tomadores de decisão, mais concretas podem ser nossas ações. Temos também procurado nos enriquecer com informações sobre cicloativismo no mundo todo, para o que esse blog e a lista de discussão da TA são fundamentais.

Por causa do evento do 22/9, uma empresa de Contagem nos contactou, solicitando uma palestra para seus funcionários. Vários deles usam a bike para se locomover e sofrem acidentes, por ignorar regras de segurança ou não usar equipamentos adequados. Esse é um exemplo de desdobramento das nossas ações que ilustram como as iniciativas podem render frutos, e como esse trabalho é de formiguinha, mas repercute. Claro que ainda estamos a anos-luz de ter uma adesão ideal ao DMSC, mas é aos pouquinhos que a gente vai chegar lá. Um passo de cada vez.

Sobre a Rede Globo, muita gente acha que o melhor a fazer é virar-lhe as costas. "Hay Rede Globo, soy contra". Ora, pode-se questionar várias posturas da emissora, mas não se pode ignorar seu alcance. Uma campanha de vacinação é divulgada por ela: seria preferível que não fosse? Há aí uma "espetacularização" da vacinação? Pergunte ao pessoal da TA se ele achou ruim o Jornal da Globo ter feito em setembro uma (excelente) matéria sobre o Desafio Intermodal no Rio, mostrando a superioridade da bicicleta sobre outros modais.

Quem está, com justa razão, inconformado com o status quo, e quer agir de alguma forma, deveria se perguntar, antes de mais nada, se o caminho mais prático, mais barato, mais efetivo, é mudar as coisas "por dentro", pelas vias institucionais, ou se o melhor é "quebrar tudo". Se o mais eficiente é a revolução ou a reforma.

Deu uma trabalheira danada preparar a pedalada do dia 22/9. Para atrair o maior número de pessoas, organizamos um sorteio com centenas brindes doados por mais de 20 bicicletarias e empresas de ecoturismo na cidade. Corremos atrás de patrocínios para viabilizar a impressão dos cartazes e dos panfletos educativos. Matamos serviço para comparecer às reuniões do Comitê. Criamos peças gráficas e um hotsite. Tivemos discussões intermináveis via internet para chegar ao formato final do manifesto. Mandamos centenas de e-mails para grupos de ciclistas e veículos de comunicação, para dar a máxima visibilidade ao evento. Mais de 50 pessoas foram envolvidas nessa organização. Quase ninguém que toma conhecimento da pedalada fica sabendo desses bastidores, e não tem idéia da mão-de-obra necessária para que ela aconteça. Felizmente, conseqüências positivas, como o mencionado convite para a palestra, têm sido muito mais numerosas que comentários como o seu, e é isso que nos anima a seguir adiante. Ano que vem faremos outro DMSC, superior a esse, e inferior ao de 2008. Se você quiser contribuir, será um prazer.
 
Ainda em relação ao comentário do Luther, outro reparo. Não havia, entre os apoiadores da pedalada-manifesto em BH, grandes empresas. Havia duas empresas de meio-ambiente que patrocinaram o evento, bancando a impressão das peças gráficas, além de vinte e poucas bicicletarias e duas empresas de ecoturismo apoiando - doando brindes em troca de visibilidade da marca. O que não quer dizer absolutamente nada: se tivéssemos grandes empresas apoiando, seria ainda melhor, porque poderíamos promover ainda mais adesão e repercussão. Quanto mais gente apoiando eventos ligados à bicicleta, melhor. Quanto mais gente pedalando, melhor. Quando a gente fala em cicloativismo, quantidade é uma variável importantíssima. Classificar o mundo de acordo com critérios do tipo "empresas grandes = empresas más" é enxergá-lo em preto e branco.
 
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