quinta-feira, maio 31, 2007

Liberdade é não ficar preso a quatro rodas


(frase sobre foto: Lilx / clique na imagem para ampliá-la)

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quarta-feira, maio 30, 2007

Os urubus e a carniça


(estímulo à irresponsabilidade em jornal qualquer)

Uma coletânea rápida de notícias da última semana:
- Atropelamento é maior causa de morte no trânsito de SP
- Motorista atropela sete pessoas da mesma família; cinco morrem
- Motorista atropela pedestre na região central de SP
- Atropelamento deixa uma pessoa morta e congestiona a 23 de maio
- Acidentes matam três em estradas de MG
- Morador de rua que dormia sob túnel morre atropelado em SP
- A morte dos super-homens
- Policial rodoviário é atropelado ao ajudar vítima em SP

O uso de automóveis é a principal causa de mortes de crianças e jovens no mundo e a principal causa de óbitos no trânsito paulistano. Os carros tiram a vida de 1 milhão de pessoas a cada ano em todo o planeta.

Será que as atuais campanhas de educação no trânsito adiantam alguma coisa em uma sociedade que não impõe restrições aos automóveis, ou não passam de paliativos e estratégias de marketing para encobrir as razões do genocídio?

Será que a responsabilidade por uma morte no trânsito é apenas do motorista homicida? Ou será que a indústria automobilística e todo o lobby a ela associado também têm uma fatia de culpa ao fabricar máquinas de guerra travestidas de dispositivos de transporte e propagandeá-las como símbolos de poder e liberdade?

Os fabricantes, que vivem barganhando incentivos e benefícios dos governos, não arcam com os custos das mortes, não pagam indenizações às vítimas, não pagam o patrimônio público destruído, o conserto dos carros, a franquia do seguro, o guincho, o tratamento psicológico ou fisioterapeutico dos acidentados...

Mais canalha ainda é a política dos fabricantes em relação aos ítens de segurança, tratados como "opcionais".

Na terra de Senna, Piquet e Fitipaldi, os "pilotos" nunca acreditam que estarão envolvidos em um "acidente". Em vez de "optar" pelo freio ABS, preferem um sistema de som "maneiro" para aliviar o tédio das horas que fica parado dentro de seu "possante".

No entanto, é cada vez mais raro encontrar um paulistano que não conhece alguém que perdeu a vida em um "acidente".


BMW que "voava baixo" em estrada alemã
(foto: Douglas D. / car-accidents.com)


É muito difícil dirigir um carro seguindo todas as regras de condução segura. A velocidade e a potência dos automóveis são, por natureza, assassinas e de difícil controle. Cabe ao motorista consciente apenas tentar impedir que as bolhas metálicas de duas toneladas manifestem o que lhes é inato.

A tarefa de dirigir com segurança não é fácil. Principalmente no atual quadro de imobilidade das grandes cidades, onde o motorista, em sua máquina que "voa baixo", não consegue sair do lugar por causa do congestionamento.

A sensação de "anda e para" se traduz geralmente em angústia e raiva contra tudo e contra todos. Assim que o trânsito fica livre, o motorista tende a descontar as horas perdidas "pisando fundo".

Se somarmos este quadro ao uso livre de celulares ao volante, às películas que escurecem o vidro dificultando a visão, à total ausência de multas por infrações que dizem respeito à segurança de pedestres e ciclistas e à absurda facilidade de tirar uma carteira de habilitação, fica mais fácil compreender as razões das mortes.

Enquanto o urubu que lucra com a carniça continuar a ser visto como o beija-flor que vende liberdade, pouco irá mudar no "genocídio acidental" que varre o planeta.

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terça-feira, maio 29, 2007

Demolindo viadutos, construindo parques


(fotos: Plataforma Urbana)

Enquanto São Paulo continua gastando fortunas para privilegiar o transporte individual motorizado, construindo pontes e viadutos para ligar um congestionamento ao outro, os exemplos de abertura de espaço urbano para os seres humanos continuam se multiplicando ao redor do planeta.

Em 2002, Seul, capital da Coréia do Sul, mostrou ao mundo que os "Minhocões" não são eternos. Derrubou um viaduto de 8km, desenterrou um rio coberto de asftalto e construiu um parque. Além de melhorar a circulação de pessoas, a obra diminuiu a poluição atmosférica e a temperatura na região.

A notícia, que já havia sido comentada aqui no :.apocalipse motorizado, pode ser vista agora em espanhol neste artigo do site Plataforma Urbana. A informação chegou através do Arriba' e la chancha.


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Fortaleza também tem bicicletada


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segunda-feira, maio 28, 2007

Subdesenvolvimento é isso aí


(fotos: StreetsBlog)

Várias cidades do planeta já perceberam que o automóvel é um dos principais entraves urbanos e humanos deste novo século e têm adotado medidas de restrição a circulação de carros particulares para dar espaço às pessoas.

Em Londres, por exemplo, a prefeitura abriu a Trafalgar Square aos pedestres. A praça, uma das mais famosas da cidade, ainda recebeu um lindo gramado para celebrar a convivência entre as pessoas, a sustentabilidade e o espaço público.



Ao sul do Equador, o subdesenvolvimento predatório segue apostando no automóvel.

Curitiba vai destruir uma praça para "desafogar o trânsito".

São Paulo promete fechar mais alguns calçadões no centro.

Enquanto Nova Iorque vai investir US$7,5 bilhões para construir mais uma ligação ferroviária com New Jersey* São Paulo continua jogando dinehiro no lixo para tentar aliviar o caos motorizado.


Uma pirâmide? Não, uma ponte para ligar um congestionamento ao outro
(foto: João Luiz Gomes/SECOM - Prefeitura)


Abaixo, algumas pontes e viadutos** em construção na capital:

- viaduto sobre a avenida Águia de Haia (230m de extensão): R$15, 3 milhões
- prolongamento da av. Jacu-Pêssego: R$230 milhões
- viaduto Jaraguá, sobre os trilhos da CPTM (153,5m de extensão): R$11,7 milhões
- complexo Jurubatuba: R$110 milhões
- ponte sobre o Rio Pinheiros (a obra faraônica da foto acima): R$ 233 milhões

Além dos R$490 milhões em pontes e viadutos, outros R$61,7 milhões serão gastos na reforma de sete viadutos:

- viaduto Antonio Abdo (Conselheiro Carrão): R$8,3 milhões
- ponte Engenheiro Roberto Rossi Zuccolo (Cidade Jardim): R$ 23,7 milhões
- elevado do Glicério: R$ 21,7 milhões
- viaduto Alberto Badra: R$ 3,8 milhões
- viaduto João Julião (Beneficência Portuguesa): R$ 4,2 milhões
- viaduto do Café: R$ 7,3 milhões
- viaduto Florêncio de Abreu: R$ 2,5 milhões

Resta torcer para que as idéias do ex-prefeito de Bogotá Antanas Mockus, que passou pela capital paulista nos últimos dias, encontrem eco na administração paulistana.

Afinal, salvo alguns espamos administrativos, lá se vai quase um século de prioridade absoluta ao automóvel em detrimento das pessoas.

* para acessar o site do New York Times, utilize os serviços do Bugmenot
** fonte Diário Oficial do Município, 17 de maio

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Bicicletada de maio: ocupando as ruas



Última sexta-feira de maio, mais de 20 pessoas na Praça do Ciclista para celebrar o transporte sustentável, o espaço público e a convivência entre as pessoas.

Panfletagem, troca de idéias e articulação de atividades.

Depois da concentração lúdico-educativa na praça, os participantes decidiram ir até a USP conhecer a ocupação da reitoria.

No meio do caminho, massa crítica no Drive Thru, panfletagem, conversa, lazer e diversão na sexta-feira gelada em São Paulo.

[álbum de fotos]

[massa crítica de maio pelo mundo]



As placas instaladas no Dia Sem Carro 2006 continuam por lá.



A Parada Praça do Ciclista, inaugurada em fevereiro, também permanece intacta.

Na Praça do Ciclista, em vez de poluição publicitária, o usuário de ônibus dispõe de informações completas sobre os itinerários dos coletivos que passam pelo local.



Luzes para a escolta não-motorizada.



Imagens



Informação



Enquanto isso, no "buraco da Paulista", outras vinte e poucas pessoas angustiadas por não sair do lugar desperdiçavam espaço público, recursos naturais e dinheiro dentro de seus veículos do século passado.



A massa nas ruas.



Panfletagem e conversa para aliviar a solidão escurecida dos motoristas.







Desmontados de suas bicicletas, os participantes atravessam a faixa de pedestres na avenida Santo Amaro.



Massa crítica no Drive Thru.



Olhando o cardápio.



Nada interessante, seguimos adiante.
Afinal, quem fica parado é poste ou motorista.



Paraciclo na reitoria da USP.



Reitoria ocupada na USP. Sem entrar no mérito das reivindicações, depois da visita ficou apenas uma certeza: a mídia mente.

Ao contrário do sensacionalismo dos "grandes" veículos, que tentam caracterizar os ocupantes como vândalos baderneiros, o que vimos por lá foi muita organização, criatividade, discussão política e convivência entre as pessoas.

No interior do prédio nada foi quebrado ou depredado como afirmam os conglomerados de mídia de massa, ansiosos por um desfecho violento que possibilite o terrorismo midiático das tradicionais matérias sobre o "confronto com a PM". Mostrar a violência para impedir a discussão. Felizmente, não é esse o clima na USP.

Atendendo ao pedido dos ocupantes, que temem ser criminalizados por sua ação de desobediência civil, não tiramos fotos no interior da ocupação. Se quiser saber mais sobre o assunto, desligue a televisão (aliás, você ainda se informa pela tevê?!) e visite o blog da ocupação ou o centro de mídia independente.



Privado X público.



Depois da visita à reitoria ocupada, os participantes da bicicletada subiram no relógio da USP.

Lá de cima, sob a lua do inverno, um comentário fechou com chave de ouro a bicicletada de maio: "ainda dá pra ouvir os carros".


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sábado, maio 26, 2007

Massa Crítica - bicicletadas de maio pelo mundo


(foto: Massa Crítica Toronto - Darren Stehr)

A última sexta-feira do mês é dia de ocupar as ruas com o transporte sustentável, de celebrar o espaço público e a convivência entre as pessoas.

Em várias partes do mundo, acontecem as atividades de massa crítica (no Brasil apelidadas de Bicicletada), a ocupação humana das ruas dominadas pelas máquinas assassinas e poluentes.

Não é uma manifestação, é um encontro: "Na massa nos sentimos seguros".

Vídeos e fotos da massa crítica de maio em algumas cidades:

[Fortaleza - vídeo]

[Toronto - Canadá - fotos]

[Toronto - Canadá - vídeo]

[Toronto - Canadá - vídeo]

[Nova Iorque - vídeo]

[Coimbra - Portugal - fotos e vídeo]

[Figueres - Catalunha - vídeo]

[Londres - vídeo]

[Hannover - Alemanha - vídeo]

[Milão - Itália - vídeo]

[Roma - Itália - vídeo]

[Roma - Itália - vídeo 2]

[Roma - Itália - vídeo 3]

[Bialystock - Polônia - vídeo]

[Emeryville - EUA - vídeo]

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sexta-feira, maio 25, 2007

De um motorista, com carinho



Tips For Cyclists - video powered by Metacafe


Vídeo (em inglês) feito pelo pessoal da Bicycle Forest, com algumas pistas sobre a mente dos motoristas.

Vale a pena dar uma olhada, ao menos para conhecer o bici-carro e a esteira-bici.

Descoberto no Bike Lane Diary.

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quinta-feira, maio 24, 2007

Carro: poder e violência



Acima, anúncio de montadora em caderno especial de jornal. Abaixo, artigo de Denir Mendes Miranda, conselheiro da Rodas da Paz, publicado no Correio Braziliense:

"O Boletim Anual de Acidentes de Trânsito no DF, divulgado recentemente pelo Detran, mostra que 59% dos mortos em acidentes de trânsito nas vias urbanas são pedestres (40%) e ciclistas (19%). Nas rodovias, o percentual é um pouco menor, mas continua próximo a 50%.

Esses números comprovam que, na guerra do trânsito, as freqüentes vítimas são as que cruzam vias e ruas ou pedalam por elas, pessoas que se arriscam a invadir os espaços destinados aos automóveis. Fiscalização deficiente e impunidade, quase sempre apontadas como causa dessa tragédia, são apenas sintomas.

O problema tem raízes bem mais profundas. O que é a violência, no trânsito ou em qualquer lugar? O trânsito é violento porque nele há manifestações de poder e conflitos sociais malresolvidos, e Estado ausente. O trânsito espelha a nossa sociedade extremamente desigual. Há pouca fiscalização e escassas punições porque automóveis particulares são sinais externos de força social e status. Foram elevados a ícones da classe bem-sucedida, que detêm o poder. Para os excluídos, são ilusórias escadas de ascensão social fomentadas pelo consumo.

Se num lado da cidade motoristas andam a 100km/h e fazem fila dupla nos comércios, estudantes universitários estacionam em cima de calçadas e gramados, e filhotes de classe média brincam de pega e cavalo-de-pau no meio das quadras e na Ponte JK, do outro lado trabalhadores de baixa renda são condenados a um sistema de transporte coletivo precário, passarelas imundas, a andar por valas e lama – às margens de um asfalto novinho – ou morrer atropelados no acostamento.

Campanhas educativas são ocas quando simplesmente reproduzem o que diz a lei, porque a lei já existe e os motoristas não a cumprem, amparados pela impunidade. A solução para o trânsito passa não só por uma fiscalização mais rigorosa e efetiva aplicação das penalidades.

É necessário mudar a estrutura de poder que há por trás da cultura do automóvel. Carros particulares representam apenas 30% dos deslocamentos de trânsito nas cidades. Para acabar com a violência outorgada, precisamos descortinar uma mudança comportamental profunda, que equilibre as forças dentro do trânsito.

É preciso tomar o espaço urbano usurpado pelos automóveis e devolver esse espaço aos pedestres e ciclistas, de modo a tratar todos como iguais, motorizados ou não. O GDF está implantando as faixas elevadas de pedestres, um avanço nesse sentido. Mas é preciso ir além e inverter as prioridades: construir e alargar calçadas, implantar ciclovias e ciclofaixas, corredores exclusivos para ônibus, obras e decisões de governo que reduzam ou inibam o tráfego de carros particulares, de forma a mostrar que eles não são os donos da rua.

Campanhas por paz no trânsito são extremamente válidas e visionárias porque trazem, implícita, essa discussão. Só pedimos paz quando há guerra. E por haver uma guerra lá fora, as pessoas têm medo e evitam andar desarmadas. Preferem ir de carro – armas e armaduras de aço e vidro – mesmo em trajetos onde é mais econômico, saudável e ecológico usar bicicletas ou caminhar.

Mais carros nas ruas, mais necessidade de estacionamentos, mais pontes e pistas duplicadas, mais velocidade e mais poder para os automóveis, que provocam prejuízos de milhões de reais com mortos e inválidos, aumentam o efeito estufa e sufocam a cidade com engarrafamentos.

Neste cenário, onde cada vez mais força e benesses são dadas aos mais fortes, aos mais fracos resta contar com a má “sorte” e o abandono. Ali, na guerra nas ruas, o poder resulta do saldo bancário que compra a máquina possante de correr, e é
potencializado pela visão obtusa de agentes públicos que não conseguem inverter a lógica do “quem tem mais pode mais.” Até quando?"

[versão em PDF]

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quarta-feira, maio 23, 2007

Bicicletada de maio - sexta (25), 18h

terça-feira, maio 22, 2007

cancion massacritica salamanca


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Usos alternativos para os espaços de estacionamento - 1941


(Nova Iorque, 1941 / Charles W. Cushman Collection / achada no streetsblog)

Veja também:
[Usos alternativos para o automóvel]

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sábado, maio 19, 2007

Agenda: carros, bicicletas e filmes



- No domingo (20), às 18h, o Espaço Unibanco de Cinema (r. Augusta, 1475, metrô Consolação) exibe o imperdível "Bandido da Luz Vermelha", de Rogerio Sganzerla, oportunidade rara de assistir a um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos (a obra, como tantos outros clássicos nacionais, não existe em DVD ou VHS). A exibição é grátis, mas é necessário enfrentar a fila dominical e retirar senha com uma hora de antecedência. Informações aqui.

- Na segunda-feira (21), às 19h, a Comissão de Trânsito da ANTP realiza um debate sobre o impacto dos acidentes de trânsito no Brasil. O evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas por e-mail ou pelo telefone (11) 5574-7766. Mais detalhes no site da ANTP.

- Na terça-feira (22), também às 19h, a Carta Maior promove o debate "Aquecimento global e alternativas energéticas" (com transmissão em vídeo ao vivo pela internet). Também gratuito, no Maksoud Plazza (al. Campinas, 150).



- Na quarta-feira (23), a Prefeitura de Santo André exibe o vídeo Sociedade do Automóvel, promove um bate papo sobre a obra e apresenta o plano cicloviário do município. A programação começa às 19h, na Casa da Palavra (Praça do Carmo, 171, Santo André). Informações pelo telefone 4992-6033 (r. 231).

- E na sexta-feira (25), tem bicicletada em São Paulo.


(carrovia achada no gwadzilla)

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sexta-feira, maio 18, 2007

Um carro a menos



A edição de maio da revista Go Outside traz uma bela reportagem sobre o uso de bicicletas como meio de transporte.

Vale a pena dar uma olhada no site ou comprar a revista nas bancas. O especial "Edição Verde" traz outras matérias bastante interessantes sobre sustentabilidade.

Reproduzo abaixo o excelente primeiro parágrafo da matéria:

"Está provado: as bicicletas são o segundo meio de transporte mais rápido para trajetos urbanos de em média 15 quilômetros. Só perdem para as motos. Não liberam carbono na atmosfera, fazem bem pra saúde e tornam a metrópole mais humana. Fomos atrás das autoridades para saber por que as magrelas ainda se espremem nas avenidas e descobrimos que, no que depender das leis e da burocracia, as ciclovias ficarão só no papel e as cidades continuarão asfixiadas e paralisadas em congestionamentos-monstro. Não adianta esperar pela utopia - as magrelas têm é que sair às ruas e dominar o espaço que é delas por direito."

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Mais um bicicletário para a integração com os trilhos


(fotos: André Pasqualini / CicloBR)

Mais um pequeno grande passo, mais um bicicletário inaugurado em uma estação de transporte coletivo sobre trilhos.

Depois da estação Guilhermina Esperança do metrô, foi a vez da estação Pinheiros da CPTM receber um bicicletário com espaço para 98 bicicletas.



Construído em um espaço ocioso debaixo de uma escada, por um custo baixíssimo (muito menor do que o da manutenção dos semáforos em avenidas, por exemplo), o bicicletário vai funcionar das 6h às 21h.

O serviço é gratuito, basta fazer um cadastro prévio e levar um cadeado. O acesso ao bicicletário é pela rua Capri.





Recomenda-se aos usuários uma corrente grande e um "pezinho" (descanso lateral), já que a estrutura de apoio das bicicletas não é a mais adequada. Apenas uma roda da bicicleta "encaixa" no suporte, obrigando o uso de uma corrente grande (ou duas pequenas). Só assim o ciclista consegue amarrar a parte mais importante da bicicleta: o quadro.

Além disso, os apoios laterais tendem a forçar os aros com o peso da bicicleta. Qualquer desequilíbrio ou esbarrão na traseira de uma bicicleta "amarrada" apenas pela roda dianteira força o aro e pode até empená-lo.



Mais adequadas são as estruturas que prendem e apoiam a bicicleta pelo quadro ou mesmo a que foi adotada na estação Guilhermina-Esperança.

Mas o detalhe não tira o mérito da iniciativa nem a alegria de ver um espaço cheio de bicicletas. Tomara que o ritmo de "melhoramentos cicloviários" implantados na cidade não caia e seja cada vez mais condizente com a urgência de (i)mobilidade vivenciada por todos os paulistanos.




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terça-feira, maio 15, 2007

Carro: o grande vilão do ar


(ilustração: Frederico Oliva e Hugo Oliveira)

Em setembro de 2004 uma reportagem da Folha de S.Paulo destacava: "O inverno de 2004 ainda nem acabou e, em relação aos últimos cinco anos, já é o campeão em registro de má qualidade do ar na Grande São Paulo."

Nesta terça-feira (15) foi anunciado que o inverno de 2006 superou o de 2004 e entrou para a história como o mais poluído nos últimos 10 anos.

A fonte é o relatório de qualidade do ar no Estado de São Paulo, feito pela CETESB e que pode ser baixado aqui.

Os veículos motorizados são os grandes responsáveis pela poluição na cidade.

Em 2006, carros, motos, ônibus e caminhões emitiram 97% de todo o monóxido de carbono, 97% dos hidrocarbonetos e 96% dos óxidos de nitrogênio e 40% de material particulado presente no ar que o paulistano respira.

Ao contrário do que sugere a fumaça preta do ônibus, o principal responsável pela poluição em São Paulo continua sendo o automóvel particular (veja a tabela abaixo).

Não precisa ser cientista para desconfiar que os quase seis milhões de carros poluem muito mais e são muito menos úteis do que os 430 mil veículos a diesel (caminhões ou ônibus) ou as 870 mil motos (que, em boa parte, existem para suprir a imobilidade da sociedade do automóvel).


(relatório de qualidade do ar no Estado de SP - CETESB)

clique na imagem para ampliar a tabela
ou faça o download do relatório

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Massa crítica, polícia e política


(foto: Jefferson Siegel / The Villager)

Perseguidos pelas autoridades desde que Bush filho pisou em Nova Iorque, os participantes da massa crítica daquela cidade surpreenderam a polícia com uma estratégia inusitada na edição de abril do encontro.

No início da pedalada, quando os guardas se preparavam para prender e multar os participantes, os ciclistas simplesmente desmontaram de suas bicicletas e as empurraram até a estação de metrô (onde elas são aceitas em todos os dias e horários da semana).

Assim como veio, a massa desapareceu. Usando a integração com o metrô, os ciclistas se espalharam pela cidade em grupos menores e seguiram pedalando.

Atualmente, a lei que exige permissão dos órgãos de trânsito para "paradas" ou manifestações só vale para grupos com mais de 50 pessoas, mas os ciclistas continuam afirmando que a massa crítica é apenas um congestionamento de bicicletas.


A ação repressiva da polícia começou ainda em 2004, quando o Partido Republicano de W. Bush sitiou uma parte da cidade para realizar sua convenção. Naquela noite do mês de agosto, a massa crítica resolveu fazer seu trajeto costumeiro, desafiando as cercas da guerra impostas pelos generais do petróleo. Cerca de 260 ciclistas foram presos.

A partir daí, a prefeitura (do também republicano Bloomberg) começou a reprimir a ocupação mensal das ruas. Diversos cidadãos foram processados sob a acusação de "parading without a permit" (algo como "realizar uma manifestação sem permissão"). A maior parte acabou inocentada depois de longos e caros processos.

Por se tratar de uma "coincidência combinada" (e não de uma manifestação) os ciclistas que se reunem mensalmente em Nova Iorque alegam que não precisam de autorização para utilizar em grupo seus veículos a propulsão humana. Afinal, como diz um dos slogans da massa crítica, as bicicletas não atrapalham o trânsito, elas também são o trânsito.

A repressão à massa crítica já custou US$1,3 milhão aos cofres públicos de Nova Iorque.


Em Berkley (Califórnia), a agressão contra os participantes da massa crítica partiu de um motorista enfurecido durante a edição de maio da pedalada.

O motorista alega que foram os ciclistas que criaram caso. Diz ainda que os participantes da massa crítica quebraram o para-brisa e a porta do carro (não é bem esse o clima do vídeo acima). Por hora, a situação na Califórnia ainda não passa por multas e prisões, como em Nova Iorque.



E em Utrecht (Holanda), a polícia interrompeu uma bicicletada pacífica e prendeu diversos ativistas que se articulam em protestos contra o G8 (encontro dos oito "donos do mundo" que acontece em junho, na Alemanha).

Seja em Nova Iorque da convenção republicana ou nas rodadas mundiais de negociação sobre o futuro do planeta, o uso de aparato de segurança contra civis e a violação dos direitos de expressão, manifestação e organização constituem uma parte importante da política "anti-terror".

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segunda-feira, maio 14, 2007

Mar





"Moisés" gentilmente cedido por Paulo Zeminian,
originalmente publicado na revista Ocas


(laerte / fsp)

acima e abaixo, recortes enviados por leitores


(renato machado / dsp)

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domingo, maio 13, 2007

Dois raios no mesmo lugar


maio/2007

Os "acidentes" de trânsito já são a principal causa mundial de morte de crianças e jovens no mundo.

Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), do total de 1 milhão de mortos anuais, 400 mil têm entre entre 10 e 24 anos de idade.

Além das vítimas fatais, outras 50 milhões de pessoas sofrem algum tipo de "acidente" envolvendo veículos motorizados. Boa parte fica com seqüelas ou traumas permanentes.

O custo dos "acidentes" no mundo foi estimado pela OMS em US$518 bilhões. Todos os dados estavam nesta reportagem (para assinantes) do jornal O Estado de S.Paulo.

junho/2005


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