quinta-feira, agosto 31, 2006

Eles estão cada vez mais ricos


(Ford II, neto do fundador da empresa)

As corporações multinacionais da indústria automobilística continuam adorando o Brasil.

No último mês de julho, dois recordes foram batidos: o dia mais quente de todos os invernos paulistanos e o melhor mês de julho na história das montadoras em território brasileiro. Mudanças climáticas resultantes da queima de combustíveis? "Bobagem", diria George Bush.

Enquanto centenas de paulistanos morriam por causa da poluição do ar e outros tantos em "acidentes", as montadoras vendiam em um mês 165,8 mil veículos no Brasil. Somente neste ano, até julho, foram vendidos 1,027 milhão de veículos no país.

Nos chamados países "desenvolvidos", a indústria automobilística vive em crise. Abaixo do Equador, fabricar e vender carros ainda é um ótimo negócio. Por aqui transporte público ainda é "coisa de pobre" e o subsídio estatal aos ônibus e metrôs é visto como uma afronta ao "mundo moderno" pós-Reagan, Tatcher e Collor.

A prosperidade dos fabricantes não é apenas fruto do "livre mercado" e da "paixão do brasileiro por automóveis". Os lucros astronômicos (boa parte remetidos para as matrizes no exterior) também são fruto de largos benefícios concedidos por governos de todos os níveis. Quem não se lembra da patética disputa pela fábrica da Ford entre o Rio Grande do Sul e a Bahia? Ou da implantação da fábrica da Renault no Paraná?

As montadoras gozam de incentivos fiscais, isenção de impostos, ganham terrenos e energia elétrica de graça e conseguem empréstimos camaradas dos bancos públicos. Somente no ano passado o BNDES emprestou 3,7 bilhões de reais para a indústria automotiva. A Volkswagen, que está ameaçando fechar uma fábrica no ABC e demitir mais de 3 mil trabalhadores, solicitou a liberação de mais R$ 497 milhões do BNDES.

"A fabricação de automóveis movimenta a economia", diria algum "apaixonado" pelas máquinas de quatro rodas ou um entusiasta dos números. Mas será que é necessário movimentar a economia desta forma, produzindo a destruição da vida nas cidades com dinheiro público? Será que é necessário produzir tanto lixo ou tanto luxo inútil simplesmente para movimentar a economia?

O estrago causado pelo excesso de automóveis chega a pontos de fina ironia. Segundo reportagem do Estadão (para assinantes), a Volkswagen começou a estocar veículos temendo uma greve dos funcionários ameaçados de demissão. A empresa resolveu mudar de tática e diminuiu a jornada de trabalho de 5 para 4 dias na fábrica de São Bernardo. O motivo? A montadora não tem onde guardar tantos carros...

PS: o BNDES suspendeu o empréstimo de R$497 milhões à Volkswagen, a empresa demitiu 1,8 mil funcionários na última quarta-feira e os empregados entraram em greve.

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quarta-feira, agosto 30, 2006

As origens da bicicletada - vídeos

* O vídeo da 47a Bicicletada já está no ar. Confira logo abaixo, no relato de agosto *

A história da massa crítica paulistana andava escondida em algum lugar da internet, até que uma amiga indicou o vídeo do aniversário de um ano da Bicicletada, gravado em julho de 2003. Ou seja, a primeira pedalada na cidade aconteceu em julho de 2002.

excelente vídeo de 1 ano da Bicicletada (julho de 2003):
[partes 1 e 2], [partes 3 e 4] ou [versão completa em mp4]



A Bicicletada brasileira foi inspirada nos movimentos de massa crítica originados em São Francisco (EUA). Por coincidência, no último sábado (26) o blog Cycle Santa Monica publicou um texto (com link para vídeo) sobre as origens gringas do movimento.

Segundo os autores do blog, a primeira experiência de massa crítica teria acontecido logo após o grande terremoto de 1989. E não teriam sido os ciclistas os primeiros a pedalar em grupo para reivindicar o espaço e o direito de circular com tranquilidade nas ruas, mas sim um grupo de patinadores chamado Midnight Rollers. O grupo começou a aproveitar ruas e vias expressas interditadas por causa do terremoto para patinar sem a ameaça dos carros.

Jym Dyer, veterano no Critical Mass de São Francisco, faz uma ressalva: apesar dos patinadores ocuparem as ruas desde 1989, foi apenas em 1992 que a massa crítica consagrou seu formato atual. Com a primeira invasão do Iraque pelos exércitos de Bush pai, alguns pacifistas de São Francisco decidiram pedalar sempre na última sexta-feira de cada mês, misturando celebração com ativismo.

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segunda-feira, agosto 28, 2006

47a Bicicletada = pedestre + bicicleta - carro


Troca de idéias para o Dia Sem Carro na praça do ciclista.
(Foto: Rodrigo Sampaio)


Ao redor do mundo se multiplicam ações pela construção de cidades mais humanas e de um mundo mais sustentável e menos violento. Ações anti-consumo, anti-carro, anti-guerra, anti-globalização corporativa, em favor da criatividade, dos meios de transporte sustentáveis, da convivência no espaço habitado e da valorização da diversidade cultural e econômica.

Na última sexta-feira (25) mais de 300 pessoas se manifestaram contra a violência motorizada que matou outro ciclista nas ruas de Brasília. Em outras 30 cidades do planeta uma série de atos marcou o aniversário de um ano do furacão Katrina, o primeiro grande desastre causado pelo aquecimento global do planeta.

Em São Paulo, a sexta-feira com 155km de congestionamento (15km de carros a mais do que média no horário, de 140km) teve mais uma edição da bicicletada. Foi a oportunidade para planejar atividades para o Dia Sem Carro, trocar idéias, consertar as placas da Praça do Ciclista e pedalar até o centro, onde aconteceu a primeira massa crítica na faixa de pedestres.

[mais fotos]

vídeo - bicicletada e massa crítica na faixa de pedestres
[YouTube],[Google Video]

panfletos distribuídos:
[dia sem carro], [em qual cidade você quer viver?], [compartilhe a rua]

[cadastre-se na lista de discussão da bicicletada de São Paulo]



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domingo, agosto 27, 2006

Manifestação contra violência motorizada em Brasília


(foto: josemar gonçalves / Jornal de Brasília)

Na última sexta de agosto (25), cerca de 300 pessoas se reuniram no Eixão Sul, em Brasília, para protestar contra a violência motorizada no trânsito da cidade.

Promovida pela Rodas da Paz, a manifestação reuniu ciclistas, amigos e parentes do estudante Pedro Davison (25 anos), morto por um veículo no sábado (19).

O motorista que matou Pedro fugiu depois de atropelar o ciclista. O condutor do veículo foi encontrado depois em uma blitz da Polícia Militar. Foi detido, pagou fiança de R$2 mil e foi liberado.

Pedro foi o 29o ciclista morto em "acidentes" de trânsito este ano no autorama da fantasia criado por Oscar Niemeyer.

[rodas da paz - cobertura completa]

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sábado, agosto 26, 2006

Mais carros, mais aquecimento global, mais furacões


"bicicleta fantasma" instalada na cidade de Gotemburgo, Suécia,
em homenagem às vítimas do aquecimento global (foto: Ian Fiddies - CMI-UK)


Na última sexta-feira de agosto (25), mais de 30 cidades na América do Norte e outras tantas ao redor do mundo aproveitaram o dia de Massa Crítica para lembrar o aniversário de um ano do furacão Katrina, que devastou Nova Orleans em agosto de 2005.

O Katrina é apontado como o primeiro grande desastre provocado pelo aquecimento global (causado principalmente pela queima de combustíveis).

Quando o Katrina chegou a Nova Orleans, quem tinha carro deixou a cidade enfrentando congestionamentos parecidos com filmes de catástrofes hollywoodianos. Quem não possuia automóvel (em geral negros e/ou pobres) foi simplesmente ignorado pelo governo do imperador Bush, que estava bastante ocupado com a pilhagem de petróleo no Oriente Médio.

[Rising Tide North America]

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quinta-feira, agosto 24, 2006

Bicicletada - amanhã



47a BICICLETADA DE SÃO PAULO
(a última antes do Dia Sem Carro)

sexta-feira, 25 de agosto

concentração lúdico-educativa a partir das 18h

na Praça do Ciclista
(Paulista X Consolação)


* consulte a seção Bicicletada na coluna da direita para ver mais sobre as edições anteriores

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Dia sem carro: um mês antes em BH


(Vaga Verde e o pessoal do Mountain Bike BH - foto: Martuse Fornaciari)

Na última terça-feira (22), Belo Horizonte deu início à jornada 2006 do Dia Sem Carro, que será celebrado em mais de 40 países no próximo dia 22 de setembro.

Enquanto outras cidades do país nem começaram a discutir a programação ou articular atividades, a capital mineira não só discutiu como começou a agir: transformou seis vagas de carro em Vagas Verdes. A idéia é simples: transformar o espaço ocupado por automóveis estacionados em algo muito mais útil, democrático e agradável.

Incrível o release da BHTrans (órgão de trânsito da cidade): "O projeto visa transformar esses espaços em um local de uso público". Muito bom ver um órgão de trânsito afirmando que o carro rouba espaço público. Um dos grandes absurdos da sociedade do automóvel é acharmos normal a utilização gratuita do espaço público para estacionar propriedades privadas.

É interessante notar que em Belo Horizonte o órgão público de trânsito (BHTrans) cuida tanto da circulação de veículos particulares quanto do transporte público.

Em São Paulo, a moderna e equipada CET tem como principal (e quase único) objetivo minimizar o caos motorizado das ruas e garantir as melhores condições possíveis para a circulação de quem possui automóvel.

Já a precária e sucateada SPTrans é responsável pelos deslocamentos dos cidadãos de segunda linha, aqueles que são obrigados a andar de ônibus em ruas congestionadas por carros.

[matéria portal UAI]

[ONG Ruaviva]

[Parking day - experiência gringa de vaga verde]

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terça-feira, agosto 22, 2006

Aula de inglês


(imagem do verbete "travel" no Dicionário Escolar Longman)

"Carros causam poluição e congestionamento. Outras maneiras de se deslocar são menos nocivas ao ambiente".

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segunda-feira, agosto 21, 2006

Sua casa em uma vaga

A cidade feita para o automóvel se espalha de maneira vertiginosa. O automóvel, que se vende como eliminador de distancias, acaba criando enormes vazios urbanos nas regiões centrais ao ocupar espaço com ruas, avenidas e estacionamentos.

Para fugir do caos motorizado, da poluição, do barulho das ruas perigosas e degradadas nos "centros expandidos" das metrópoles, os habitantes procuram as bordas da cidade.

Ao migrar para condomínios ou bairros afastados, aumenta a necessidade de deslocamento, que geralmente é feito por automóvel (já que as redes de transporte público são insuficientes para alcançar as maiores distâncias).

A cidade espalhada custa caro: combustível, infra-estrutura pública, horas perdidas nos deslocamentos. Para evitar o custo da locomoção e o desperdício de tempo dos deslocamentos dentro da cidade espalhada, uma idéia interessante que circulou pela internet sem autoria nem local de origem.










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sexta-feira, agosto 18, 2006

carro X bicicleta

quinta-feira, agosto 17, 2006

Há 110 anos matando seres humanos

Diz a lenda que no dia 17 de agosto de 1896 acontecia a primeira morte por arma motorizada: um atropelamento.

Bridget Driscoll, de 44 anos, mãe de dois filhos, foi atingida por um veículo em alta velocidade nos jardins de um palácio em Londres. Ela estava a caminho de um espetáculo de dança, junto com a filha adolescente.

110 anos depois, o número de mortes por arma motorizada supera o de algumas guerras. Só na cidade de São Paulo, em 2005, morreram 1505 pessoas, uma média de 4 pessoas por dia, ou seja, um morto a cada 6 horas.

Assim como Bridget, metade das vítimas são pedestres (ah, esses perigosos pedestres).


Paliativo: grades instaladas pela CET para disciplinar a travessia de pedestres.

A CET está instalando grades em diversos pontos da cidade para disciplinar a travessia de pedestres. Pode ser que o número de atropelamentos seja reduzido, mas se o culto à velocidade não for questionado, pouco irá mudar.

Por que os automóveis são fabricados para atingir velocidades de 180km/h se os limites de velocidade não ultrapassam 120km/h? Por que as propagandas de veículos continuam a estimular impunemente a velocidade estúpida e o comportamento individualista e agressivo no trânsito?

Infelizmente a velocidade assassina das máquinas (e de seus estúpidos condutores) goza de ampla tolerância. O presidente Lula até tornou mais brandas as penas para quem excede os limites...

Enquanto isso, preferimos fechar os olhos e chamar as mortes de "acidentes", como se todas as condições prévias para a "fatalidade" não estivessem dadas.

[texto no + vá de bike! + sobre o assunto]

[vídeo "carro mata, use com cuidado"]

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quarta-feira, agosto 16, 2006

Opinião é crime em Florianópolis

Por causa da opinião emitida em artigos de jornal, dois militantes do MPL (Movimento Passe Livre) de Florianópolis estão sendo processados pela Justiça local.



Uma das vítimas da tentativa de criminalização é organizador e co-autor de diversos livros, entre eles "Urgência nas ruas" e "Apocalipse Motorizado - a tirania do automóvel em um planeta poluído", referência nacional e inspiração para este blog.

[assine uma petição pelo arquivamento do processo]

[leia os artigos de jornal que motivaram o processo]

[texto na íntegra e outras informações no blog do MPL-Floripa]

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terça-feira, agosto 15, 2006

Abra a sua rua para as pessoas


(foto: Victor Gedris - Toronto - Canadá - veja mais)

(da seção "você sabia" do site da Soninha):

É possível solicitar o "fechamento" de ruas aos domingos. Basta colher assinaturas de 70% dos moradores e aguardar pela aprovação da CET. Se aprovada, a "rua de lazer" ainda recebe kits para prática de esportes.

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Novas calçadas na Augusta, novos SUVs na CET


o modelo do piso deve ser o mesmo
apresentado para a Paulista


A Prefeitura iniciou a reforma das calçadas da rua Augusta e promete entregar a obra em três meses. O trecho beneficiado é grande, da Martins Fontes (centro) até a Estados Unidos (jardins).

Infelizmente não há previsão de ciclovia ou ciclofaixa. Uma pena, pois a Augusta é a subida mais leve entre o centro e o espigão da Paulista. Além disso, em boa parte da rua e do dia, o estacionamento de automóveis é permitido nos dois lados da pista.

Nas calçadas com mais de três metros de largura (pouco mais do que o espaço ocupado por um carro estacionado), haverá uma "faixa de apoio ou acesso". Não fica claro se o "apoio ou acesso" é destinado a pedestres ou veículos.


(imagens: divulgação-prefeitura)

Outro dia alguém sugeriu que a CET adotasse bicicletas para atuar no trânsito. Parece utópico e sem sentido prático, mas talvez a experiência fora dos gigantescos SUVs ou dos carros oficiais permitisse uma outra perspectiva sobre a mobilidade urbana.

Quem sabe fosse posível perceber que carro ocupa espaço, consome recursos e que o seu uso desnecessário e abusivo causa graves problemas à cidade e aos seus habitantes.

Os 90 novos veículos da CET custaram R$ 3.328.230,00.
Os 16.000 m2 de calçada na Augusta custarão R$ 2.192.287,96.

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segunda-feira, agosto 14, 2006

Greve contra a privatização do Metrô



Está marcada para esta terça-feira (15) uma paralisação de 24 horas dos funcionários do metrô contra a privatização da Linha 4 (amarela).

Na saideira dos 12 anos (que podem virar 16), o governo PSDB-PFL faz mais uma vez a alegria dos especuladores ao privatizar o "filé" da infra-estrutura brasileira a preço de banana e se utilizando de métodos nada democráticos.

Para evitar a pressão pública, o Metrô antecipou em quatro horas, na surdina, a "concorrência" entre os dois consórcios participantes. Venceu o grupo MetroQuatro, formado pela Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), Montgomery Participações S.A., Benito Roggio Transportes S.A. (concessionário do Metrô de Buenos Aires) e RATP Développement S.A (Metrô de Paris). A CCR (formada pelas construtoras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Serveng-Civilsan e pela empresa portuguesa de rodovias Brisa) controla seis rodovias altamente lucrativas: Ponte Rio-Niterói (RJ), NovaDutra (SP/RJ), ViaLagos (RJ), RodoNorte (PR), AutoBAn (SP) e ViaOeste (SP).

A participação da iniciativa privada nos serviços públicos não é o problema. Lamentável é ver as bases destas "parcerias":
- a concessão será de 30 anos
- o Governo do Estado, além de realizar TODAS as obras de escavação de túneis e construção de estações, irá doar R$75 milhões para a empresa até 2012.
- cabe à empresa investir R$340 milhões em trens(14 composições até 2008 e mais 15 "a partir" de 2012), sinalização (o que envolve exploração de publicidade) e operação das linhas.

A linha 4, com 12,8km, é o "filé" da rede, certamente será a mais lucrativa de todas as linhas existentes. Além de passar por bairros nobres como Pinheiros e Higienópolis, a Linha 4 irá permitir a integração com a linha Pinheiros da CPTM e com as linhas 2 (Paulista) e 3 (Zona Leste) do metrô.

Vale lembrar que nestes 12 anos de administração tucano-liberal, foram construídos pouco mais de 12km de linhas.

[matéria do Estado de S.Paulo sobre a privatização]
[Sindicato dos Metroviários]
[Metrô - Linha 4]
[plano de emergência da Prefeitura para o dia da greve]

PS (29-11-06):
[notícia do Estadão: TJ libera PPP da Linha 4 do Metrô]

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domingo, agosto 13, 2006

Concurso de idéias: Ponte Daslu - Pq. Cidade Jardim


(anúncio encartado há alguns meses no jornal Valor Econômico)

"Perspectiva de vida é morar de frente para o cartão postal da cidade". Será que o casal loiro se refere à fétida e congestionada Marginal Pinheiros ou ao shopping center instalado no jardim do seu palácio?

Esse é o anúncio do Parque Cidade Jardim , o empreendimento imobiliário de mais alto luxo já construído no Brasil. São 17 vagas na garagem do apartamento mais caro, que custa R$18 milhões de reais. Do outro lado do rio poluído e das vias expressas congestionadas está a Daslu, centro de consumo para grã-finos acusado de superfaturar importações e sonegar impostos (na mais típica e nojenta conduta da minoria branca há 506 anos).

Como fazer com que os milionários do Parque Cidade Jardim chegem até a Daslu sem pisar no território brasileiro, aquela terra miserável e desigual que tanto lhes causa repulsa e medo?

[concurso nacional de idéias - ponte Daslu - Pq. Cidade Jardim]

Inscrições até 31 de agosto.

Diz o regulamento:
"O objetivo deste concurso é discutir, de forma crítica e bem-humorada, um fenômeno que vem se tornando comum entre os moradores dos grandes centros metropolitanos brasileiros: o medo de se misturar à população de baixa renda. Mais do que isso, este concurso pretende discutir também a nova tendência estética adotada em edifícios residenciais e comerciais destinados às classes média e alta: o neoclassicismo.



O recém lançado empreendimento Parque Cidade Jardim, em São Paulo, que tem como principal fonte de inspiração o Palácio de Versalhes, reunirá um shopping center de luxo, academias de ginástica e edifícios residenciais e comerciais, com o objetivo de permitir que os moradores trabalhem, consumam e se divirtam sem sair de seus portões.

O Parque Cidade Jardim situa-se no bairro do Morumbi, às margens do Rio Pinheiros, praticamente em frente a outra construção em estilo neoclássico, a loja da Daslu. O local é cercado por favelas e conjuntos habitacionais de baixa renda.

Os participantes deverão desenvolver propostas para uma ligação (ponte, túnel, teleférico ou qualquer outro tipo de ligação aérea, aquática ou terrestre) entre o Parque Cidade Jardim e a loja Daslu. As propostas devem permitir que os moradores do novo empreendimento imobiliário possam ir às compras na Daslu de maneira asséptica, sem correrem o risco de serem assaltados, seqüestrados, ou ficarem presos no trânsito, como se nunca tivessem deixado os portões de seu condomínio de luxo. As propostas devem ser interessantes, criativas e bem humoradas".

[visite o site do concurso]

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sexta-feira, agosto 11, 2006

Institucional



"Ar bom para respirar: regule seu veículo", é o slogan da "Operação Inverno da CETESB". Deixar o carro em casa? Usar transporte público? Fazer pequenos deslocamentos à pé ou de bicicleta? Bobagem... Melhor ficar no tradicional conservadorismo dos paliativos inócuos do que discutir as causas e conter os abusos. Afinal, quem tem coragem de causar algum desconforto na minoria possuidora de automóvel?

Por falar em autoridades, desde ontem o :.apocalipse tem novidades:
- seção "institucional" na parte de links, incluindo o mapa de qualidade do ar na cidade,
- três listas de vídeos relacionados aos temas deste blog no YouTube (seção "multimídia"),
- link específico para os relatos das Bicicletadas em São Paulo e para os vídeos de Massa Crítica ao redor do mundo.

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quinta-feira, agosto 10, 2006

Deboche político



Começou realmente a campanha eleitoral, o espetáculo democrático 2006.

Na porta da Gazeta, onde dentro de quatro horas aconteceria um debate, a velha placa inexistente e o senso de espaço público que permeia as campanhas, a política e os políticos.

E como o "evento" em questão envolvia um po$to maior do que no primeiro flagra, não era apenas uma kombi. Ao todo sete automóveis reprodutores de jingles e transportadores de porta-bandeiras ocupavam duas baias de embarque e desembarque na Paulista (durante as noites transformada em ponto de taxi ilegal).



Os carros.



As porta-bandeiras. Elas também ocupavam o canteiro central da avenida, mas a noite chegou antes das fotos.

A imagem das "bandeirantes" políticas nas avenidas fica para algum outro glorioso momento dessa campanha eleitoral.



Procedimento padrão efetuado com rapidez pela CET: como os coordenadores da atividade resolveram retirar os veículos, não foi registrada a autuação.

Não vale a pena e eu não teria competência nem estômago para reproduzir o diálogo sobre política, espaço público e democracia que aconteceu com os coordenadores do casting político ali presente...

Vale visitar [O homem vertical]. Tem vídeo da campanha do Silvio Santos à presidência em 89, do Lula falando sobre Pelotas, do Serra prometendo que não deixaria a prefeitura, do ACM pedindo o golpe militar por causa dos "anarquistas do MLST"...

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quarta-feira, agosto 09, 2006

Suspeita de bomba ameaça Praça do Ciclista

Um pacote com fios deixado próximo a Praça do Ciclista foi confundido com uma bomba e interditou a avenida Paulista na noite de ontem.

O suposto atentado não foi confirmado, mas outra sabotagem foi efetuada pelo "eixo do mal": segundo relatos, duas das quatro placas instaladas na Praça do Ciclista durante a 46a Bicicletada simplesmente desapareceram.

Nenhum fabricante de automóveis assumiu a autoria do atentado. O governo dos EUA afirmou que a retirada das placas foi uma resposta legítima aos recentes ataques lúdicos promovidos por ciclistas urbanos que contestam a hegemonia do automóvel e do petróleo nas cidades.

As autoridades brasileiras alegaram não dispor de recursos suficientes para garantir a segurança de ciclistas e pedestres nas ruas, já que o gasto com tratamentos das vítimas da poluição ou dos "acidentes" automobilísticos, bem como o recapeamento de ruas, construção de avenidas, garagens e o gerenciamento do caos motorizado consomem boa parte do orçamento.

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terça-feira, agosto 08, 2006

bicicleta na tevê, segurança na internet

Seguindo com os vídeos no youtube:
[matéria do Jornal da Noite (Band)] sobre bicicleta como meio de transporte em São Paulo.

E um [belo texto com links para ótimos vídeos] sobre segurança no trânsito no + vá de bike! +.

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segunda-feira, agosto 07, 2006

Vídeos da 46a Bicicletada

domingo, agosto 06, 2006

Domingos para pedestres


(Fotos: Victor Gedris - dica: Martino´s Bike Lane Diary)

Carro-manifesto do "Streets are for people", em Toronto, Canadá:

"Nós, abaixo-assinados, exigimos: mais parques, menos estacionamentos!
Porque os carros fedem!
Carros nos deixam doentes!
Carros ocupam muito espaço!
Carros poluem!
Carros matam!
Construir cidades para os carros e não para as pessoas é um absurdo!"


[mais fotos aqui]





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sábado, agosto 05, 2006

Dez anos de rodízio - e cada dia pior


Fenômenos naturais no site da prefeitura:
tempo, temperatura, congestionamento
e placas-alvo do rodízio municipal

Há exatos dez anos, em 5 de agosto de 1996, foi criado o rodízio de veículos na capital. A idéia partiu da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, para combater a poluição.

Além da reduzir a poluição, a restrição estadual diminuiu o congestionamento na capital. Por causa do alívio no trânsito, que sempre rende dividendos eleitorais, a prefeitura criou seu próprio rodízio no ano seguinte.

Enquanto o rodízio estadual restringia a circulação de veículos durante todo o dia, o programa municipal, batizado de "Operação Horário de Pico", acabou servindo apenas para distribuir o congestionamento, já que a proibição vigora apenas das 7h às 10h e das 16h às 20h.

Hoje as restrições de circulação são informadas em destaque no site da prefeitura, ao lado das condições do tempo. Afinal, um congestionamento é algo tão natural como uma tempestade, não é?


(do site do metrô)

Em 1996, São Paulo tinha 52,6 km de metrô. Ao final de 2006, a cidade terá 63,4 km. Ou seja, foi construído 1km de metrô por ano.

Por extrema coincidência, o esforço de expansão da rede foi concentrado nos anos eleitorais: em 20 de outubro de 2002 foi inaugurada a linha 5. Em 2006, apesar da expansão real ser de apenas 3,4km, a propaganda oficial diz que esta é "a maior expansão de todos os tempos" e promete mais de 30km "para o futuro".

Enquanto isso, a cidade que tinha pouco mais de 3,5 milhões de automóveis particulares em 1996, teve um aumento de aproximadamente 2 milhões de veículos em 10 anos, ou seja, 200 mil novos veículos por ano. Se fossem colocados em linha reta, estes veículos ocupariam aproximadamente 6 mil quilômetros (mais do que os 4.320km que separam o Oiapoque do Chuí).

Em dez anos de rodízio, o paliativo ambiental virou política pública para gerenciar o caos. Quase nada foi feito para desestimular o uso do automóvel particular, a não ser aumentar a angústia de quem usa o carro para se locomover na cidade e é obrigado a enfrentar congestionamentos monstruosos.

Em dez anos de rodízio, as propagandas de automóveis foram sofisiticadas e disseminadas em todas as mídias, vendendo de forma cada vez mais fantasiosa a ilusão da liberdade individual em troca da negação do espaço público (degradado, poluído e "perigoso").

Em dez anos de rodízio, a área consumida pelo automóvel em estacionamentos, garagens, oficinas mecânicas, postos de gasolina, concessionárias, ruas e avenidas espalhou ainda mais a cidade, dizimando a convivência e degradando o patrimônio urbanístico.

Em dez anos de rodízio, apenas uma gestão municipal (a de Marta Suplicy) "resgatou" espaço de circulação dos automóveis para destinar ao transporte público com a construção de corredores exclusivos (posteriormente prostituídos para beneficiar a locomoção individual).

Em dez anos de rodízio, o paulistano aumentou sua dependência pelo automóvel e quase nada foi feito pelo poder público para mudar este paradigma.

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sexta-feira, agosto 04, 2006

A liberdade na novilíngua publicitária



Para quem já descobriu que liberdade é algo muito além das 4 rodas, algumas frases usadas em anúncios de automóveis soam como ameaça: "Leve a vida dentro dele".

A novilíngua da publicidade é realmente fantástica: para representar a liberdade, bicicletas, ar puro e uma barraca de camping. Tudo sintetizado em uma máquina que é utilizada 95% do tempo por seus proprietários como cela móvel nas ruas congestionadas e poluidas das cidades.

E nas letrinhas pequenas: "filme solar em todos os vidros". Ou seja, a película escura já vem de fábrica. Assim você não tem que gastar nada a mais para se isolar da cidade, impedindo a comunicação entre motoristas, pedestres, ciclistas e motociclistas no trânsito. Afinal, em tempos de aquecimento global causado pela queima dos combustíveis, os raios solares estão realmente muito perigosos...

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quarta-feira, agosto 02, 2006

Poluição e barulho em duas rodas


(dica: Pablo Ortellado)

Spam que circulou na internet. Sem comentários...

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Bogotá e Ar Limpo no Repórter Social

[Bogotá, um paradigma mundial de transporte urbano sustentável]

A boa matéria do site Repórter Social foi, até agora, a única notícia encontrada sobre a conferência "Ar Limpo Para a América Latina", ocorrida na semana passada em São Paulo (até a seção de "press releases" no site da conferência continua vazia).

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terça-feira, agosto 01, 2006

Autocracia eleitoreira



Depois do espetáculo do crescimento, do espetáculo da corrupção e do espetáculo futebolístico, chegou a hora mais uma vez do espetáculo democrático.

Bruce Willis, candidato a deputado, estacionou tranqüilamente seu carro de som em um área de embarque e desembarque.

Ao contrário do inspirador estadunidense, o Bruce tupiniquim não portava metralhadoras nem fazia campanha a favor da invasão do Iraque; apenas reproduzia nos alto-falantes um bordão qualquer "contra a corrupção" enquanto distribuía panfletos aos eleitores.

Perguntado se iria permanecer muito tempo no local, o candidato respondeu "talvez". Sobre o estacionamento proibido, ele alegou "é que não tinha lugar pra estacionar... Mas se eu estiver te incomodando, eu saio...".

É espetacular a noção de "coisa pública" dos "nossos" representantes (ou dos aspirantes a)...

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Sobre eleições e política, altamente recomendado o vídeo "O espetáculo democrático", que pode ser baixado [aqui] ou comprado em DVD através do [centro de mídia independente].

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