segunda-feira, junho 18, 2007

Investindo na sustentabilidade



Para vender um determinado produto, empresas dos mais diversos setores investem dinheiro em várias "frentes": pesquisa de tecnologias e mercado, investimento em infra-estrutura, publicidade, relacionamento com os clientes e fornecedores.

Durante muito tempo os fabricantes de bicicleta acreditaram que bastava gastar dinheiro com o desenvolvimento de produtos e propaganda, patrocinar meia-dúzia de competições esportivas e apoiar dois ou três passeios ciclísticos.

Há alguns anos esta postura começou a mudar.

Algumas empresas começam a despertar para uma nova realidade: não basta fazer propaganda bonita ou tentar disputar consumidores "top de linha" como os atletas de alta performance ou os cicloturistas profissionais, que gastam milhares de Reais em bicicletas e acessórios caríssimos.

Para vender bicicletas, é necessário que cada vez mais consumidores possam utilizá-las cotidianamente. Empresas como a Trek, a Planet Bike e a brasileira Alternation já descobriram que os responsáveis por "abrir caminho" para o uso das bicicletas são os chamados "bike advocates": associações, ONGs, indivíduos e grupos que promovem o uso da bicicleta nas suas mais diversas formas (transporte, lazer, esporte...).

Nos EUA, a Planet Bike destina 25% de seus lucros para a chamada "bike advocacy". John Burke, presidente da Trek, uma das maiores fabricantes de bicicletas do mundo, explica neste artigo (em inglês) as razões de investir dinheiro em quem promove o uso das bicicletas: "Dar suporte a organizações de 'bike advocacy' ajuda a criar uma nova geração de usuários de bicicleta e isso é bom para o meio ambiente, bom para a saúde pública e bom para a indústria de bicicletas".



No Brasil o apoio aos grupos que promovem o uso de bicicletas e defendem os direitos dos ciclistas ainda é novidade. Em maio, a Alternation (importadora das bicicletas dobráveis Dahon) anunciou uma parceria com a Associação Transporte Ativo, que irá sortear uma Dahon Eco em julho (mais informações na próxima postagem). A TA também está costurando uma parceria com a Biketech, loja de bicicletas que doou um triciclo de carga e irá fornecer cópias de panfletos.

Como a produção anual de magrelas no Brasil segue estagnada em 5 milhões de unidades por ano há uma década, resta esperar que os fabricantes nacionais abram os olhos (e os bolsos) e comecem a valorizar as iniciativas de quem abre caminho para o uso de seus produtos.

[mais sobre a política da Trek no blog da Transporte Ativo]

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Comments:
Luddista,

Não sou grande admirador da Igreja Católica, mas a notícia que vi agora na UOL é um tanto interessante:
http://noticias.uol.com.br/carros/ultnot/efe/2007/06/19/ult2834u120.jhtm

Isso mostra quanto o avanço da cultura do automóvel é preocupante. Não consegui confirmar a veracidade da notícia.

Um abraço e parabéns pelo blog! Leitura obrigatória! :)
 
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