sexta-feira, junho 15, 2007

Fuja $e puder


a minoria motorizada leva toda a sociedade para o buraco

O automóvel é o único bem privado de uso exclusivamente público. Ninguém compra um carro para deixá-lo na garagem.

Por outro lado, ao contrário de outros bens privados, o automóvel não pode ser consumido por todos, como sonhava Henry Ford. Em São Paulo, apenas 1/3 da população utiliza automóvel para se locomover.

Na semana passada a cidade registrou mais um recorde de congestionamento: 192km na véspera do feriado. Vale lembrar que a CET monitora apenas 500km de vias. Ou seja, quase metade das ruas monitoradas estava com trânsito pesado.


(reprodução: anúncio de tanque de guerra em revista)

O excesso de carros provoca o caos para todos os habitantes. Atrapalha significativamente o transporte coletivo, polui o ar que é respirado por todos, gera barulho, agressividade e mortes.

Ciente da desgraça, a indústria automobilística e seus associados há muito tempo vêm criando anestésicos para quem está dentro da bolha. Ar condicionado, vidros escuros, equipamentos de som, celulares e até telas de vídeo (ainda que proibidas) equipam os interiores das máquinas de duas toneladas com uma pessoa dentro.


Possuído pela minoria, o carro repousa no incosciente de todos como símbolo de liberdade graças aos milhões de reais gastos em propaganda.

Como a realidade do congestionamento às vezes consegue ultrpassar as bolhas escurecidas, despertando em alguns a sensação de que algo está errado, a publicidade automobilística tem investido cada vez mais na associação do carro à uma idílica possibilidade de fuga.

Fugir do congestionamento, fugir da poluição, fugir do convívio humano, fugir da realidade que, para ser transformada, depende da participação coletiva. Mais fácil para as grandes massas é gastar alguns milhares de reais e acreditar que está comprando o passaporte para algum lugar bucólico.

Enquanto isso, a cidade vivenciada por todos, inclusive por quem anda de carro, segue sucumbindo às lógicas privatistas e de guerra estabelecidas pela $ociedade do automóvel.


(reprodução: campanha publicitária de veículo)

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Comments:
Texto magnífico! Clipei no Blogoleone.
 
1/3 usa o carro, no entanto parece que existem 2 carros apra cada habitante da cidade, confirma?
 
A média é de um carro para cada 2 habitantes. Isso porque no Brasil quem tem, tem muito, ou seja, famílias aba$tadas têm mais carros do que habitantes em suas residências.
 
Isso! Estatística impressionante, de qualquer forma.
 
Pois é... outro dia estava caminhando na minha vizinhança e vi nada menos que 7 carros estacionados em uma casa (um desperdício de quintal, que virou um "pátio de concessionária")... e dificilmente há 7 pessoas ou mais morando lá!
 
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