sexta-feira, abril 06, 2007

Carros causam enchentes


(foto: Felipe Fonseca)

Segundo esta reportagem da BBC, um estudo da Royal Commission on Environmental Pollution aponta o aumento do número de veículos no ambiente urbano como uma das razões para as enchentes.

A idéia é simples: mais carros em circulação provocam a impermeabilização do solo urbano, pois exigem do poder público a construção de avenidas, ruas e estacionamentos.

Os moradores das regiões próximas às marginais do Pinheiros e Tietê conhecem a história: sábios governantes automobilistas escolheram as margens dos rios para fazer passar boa parte do tráfego de veículos da capital. Desconsideraram a variação natural do volume de água nos rios, fenômeno conhecido até pelos antigos egípcios, e mandaram asfaltar tudo. Deu no que deu.

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Comments:
E Curitiba não é nem de longe essa maravilha que pregam por aí.
 
Valeu pela dica, e sobretudo pelo endereço do RCEP, com o texto completo do estudo.
 
A propaganda de Curitiba na grande mídia faz parte do lobby do Jaime Lerner, que virou "consultor" em São Paulo para assuntos de revitalização.
 
Ok Curitiba não é tudo isso, mas é pioneira no Brasil em legislação urbana no que se refere a impermeabilização dos terrenos.

Não é uma questão de que Curitiba possui um serviço de transportes "bom" ou de que as distâncias percorridas de casa ao trabalho sejam reduzidas, existe algo muito maior e que contribui de maneira crucial para que Curitiba não tenha tantos problemas com enchentes.

Vejamos Curitiba de 1900 (ou se preferirem antes) passando pela definição do primeiro plano urbanistico para a cidade (Plano Agache) à criação do IPPUC. Curitiba no começo do século era chamada como a cidade dos Sapos tamanho o problema que a cidade tinha com enchentes na área central da cidade e alguns bairros baixos que ainda tinham diversos problemas com os lençois freáticos muitos a superfície.

A solução adotada foi criar um mínimo exigido de permeabilidade em todos os terrenos, caso contrário é obrigado (e em apenas alguns casos) a construção de caixas de contenção de cheias dentro dos próprios lotes.

Atualmente o parâmetro na cidade está em 25% da área do lote devendo ser permeável e caso não se cumpra o mínimo exigido você acaba sofrendo diversos problemas que vão além do embargo da obra, passando por multas e pela falta do alvara e habite-se para a construção.
Hoje além disso a cidade criou mais uma área de absorção de chuvas na própria área de passeio onde você hoje é obrigado a deixar áreas de grama ao invés de impermeabilizar tudo.

O que se vê em São Paulo e em outras cidades é a busca insana em impermeabilizar todo o terreno como se ter gramas/jardins fosse um problema para o proprietário ou ainda a idéia de que ter um terreno confere o direito ao proprietário de se fazer tudo a sua maneira.

Acho que mais do que a complicação da impermeabilização das vias destinadas a circulação de veículos o real problema enfrentado é a falta de medidas legais por parte da prefeitura e da conscientização da própria população de que se deve reservar um espaço permeável dentro dos lotes a fim de se evitar ao máximo, ainda de maneira natural, um futuro problema com enchentes.
 
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