quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Pirataria ou difusão cultural?



Uma das grandes possibilidades apresentadas pelas redes de compartilhamento de arquivos na internet é o acesso a produções independentes ou que foram relegadas pelos cartéis de distribuição e exibição de filmes que dominam o Ocidente.

Na era do blockbuster e da colonização de corações e mentes como arma de guerra, ter acesso ao que não interessa aos cartéis de Hollywood (ou às suas embaixadas de censura estética) é o grande potencial humano da chamada "pirataria".

Como exemplo fica a dica do filme "La Bicicleta", do espanhol Sigfrid Monleón, que dificilmente será lançado no Brasil. O filme foi recentemente disponibilizado em torrent, mas provavelmente pode ser encontrado em outras redes P2P.

Dois avisos importantes:
1) pirataria é crime
2) impedir a diversidade cultural para manter monopólios econômicos e estéticos também

[trailer de La Bicicleta no Youtube]

[resenha em espanhol]

[link para download do filme em torrent]

Dicas aleatórias de filmes que não estão disponíveis no Brasil e podem ser encontradas através da rede de torrents:

The Yes Men - documentário sobre dois figuras que se passam por executivos da Organização Mundial do Comércio, fazem seminários e chegam até a dar entrevista à BBC em nome da entidade.

El Topo / The Holy Mountain - filmes do chileno Alejandro Jorodorowsky, tirados de circulação pelos produtores

Israeli Wall Must Fall - filme israelense sobre a resistência palestina e internacional na cidade de Bil'in contra o muro de Israel. Também disponível no Google Video.

E vale visitar também o opensubtitles.org, um ótimo site de legendas em vários idiomas.


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Comments:
Um dos melhores torrent trackers: http://www.demonoid.com/

É privado, abrem registros às sextas, quem precisar de convite me avise.
 
Eu preferia que as bibliotecas públicas emprestassem além de livros outros produtos de cultura, como acontece em outros países. Aliás, aqui no Rio, atro-cidade maravilhosa, há algumas que oferecem meios de assistir vídeos e ao menos uma empresta vídeos. Quando vou à biblioteca, só há estudantes guiados pelos professores. As pessoas não usam, eu fui lá fazer o cadastro, a moça perguntou de que escola eu era. Eu tenho 31 anos. Acho que há muito mais cultura disponível do que gente disposta a ter acesso.
 
michel você faz observações interessantes mas se as coisas continuarem como estão, bibliotecas serão mais ilegais que bocas de fumo num futuro próximo.

Na medida em que as obras saem em formato digital, não se compra mais um objeto como um livro que pode ser vendido, dado, emprestado ou mesmo queimado (argh!) e sim uma licença que especifica em que condições a obra pode ser utilizada. A vontade do mercado editorial (de qualquer área) é restringir ao máximo a distribuição da obra e acabar com direitos fundamentais como a venda de obras usadas ou o empréstimo de obras. Qual a conseqüencia disto? Toda e qualquer biblioteca (e análogos) são piratas por natureza. Nos EUA já estão ocorrendo problemas neste sentido e a associação dos bibliotecários é uma das vozes mais fortes (alta talvez seja mais correto) nesta discussão.
 
Durruti, a propósito de bibliotecas serem ilegais e de livros queimados, fica a dica cinematográfica para o feriadão (ou de leitura para o mês): Farenheit 451, livro de Ray Bradbury que virou um delicioso filme de François Truffaut.

Em um futuro não muito distante, os bombeiros (firemen) são responsáveis por queimar livros, que se tornaram subversivos e ilegais. Casas sem antenas de TV são suspeitas e possuir um livro é crime.

Uma postagem antiga sobre isso: http://apocalipsemotorizado.blogspot.com/2006/12/manchas.html
 
A questão da pirataria já começa errada no nome. Historicamente pirataria era uma coisa muito pior do que cópia ilegal: estava relacionado a roubo, asssassinato, escravização de cidades inteiras, estupro generalizado e coisas do gênero. Talvez a única coisa boa da pirataria fosse ter um papagaio no ombro. Para cunhar este termo, que é usado em vários idiomas, já se nota um grande esforço de relações públicas (ou púbicas...).

Este uso intensivo de RP só está aumentando e se tornando mais mentiroso. O outro dia fui no cinema e vi uma propaganda anti cópia ilegal (evito usar o outro termo) onde aparece um pai dando um vídeo ilegal para seu filho. Na seqüencia o filho mosta as notas da escola que eram muito boas mas o moleque diz que colou do colega. Aí os pais ficam indignados e se faz a comparação com a cópia ilegal do vídeo. Eu fiquei puto! Ou seja se ao invés de copiar o colega o moleque tivesse comprado o trabalho do colega estaria tudo certo? Esta é a única conclusão que uma pessoa inteligente deveria ter.

Toda esta campanha contra "pirataria" é esta mesma bobagem absurda. O problema é que a questão da moralidade da cópia ilegal se restringe à moralidade de desrespeitar a lei.

Copiar? Nós humanos fazemos isto desde que nascemos. É assim que aprendemos. A maior parte do processo criativo consiste em copiar diferentes coisas para criar uma nova.

E tem mais! A maior parte dos processos criativos não possuem direitos autorais. Uma nova jogada em qualquer esporte é sempre copiada se for bem sucedida e nunca vi ninguém exigir direitos autorais (já imaginou ter que pagar pro robinho para dar uma pedalada?). Como arrumar os cabelos, como se vestir, etc. Estamos sempre criando coisas novas e nem se fala em direitos autorais.

A questão colocada aqui não é se os direitos autorais devem existir ou não, e sim a comparação de copa ilegal com roubo. Isto confunde todo mundo.

Uma coisa é certa. Com a internet as coisas vão mudar. Temos que brigar para evitar que a internet seja simplesmente um mecanismo de serviços e o braço de um estado policial.
 
luddista, eu assisti o filme anos atrás. Eu tomar vergonha na cara e ler o livro.

Mas com estas tecnologias interativas, já da pra visualizar alguma coisa a la 1984.
 
Muito boas as dicas de filmes.
Seguem algumas sugestões que podem interessar, todas foram encontradas no www.torrentspy.com.

- Who Killed the electric car - Documentário sobre o surgimento de carros elétricos na california em 1996 devido a uma lei de redução de emissão de poluentes e o seu desaparecimento depois que essa lei foi contestada pelos grandes fabricantes de carro na justiça americana.

- The Best Democracy money can buy-
Documentário sobre George Bush. A história de sua família, da eleição suspeita que o levou a presidência e quais interesses ele protege.

- Iraq for Sale The War Profiteers-
Mostra quem fatura alto com a guerra. Soldados mercenários contratados, empreiteiras, todos que prestam serviços aos soldados no Iraque. E não por acaso quase todos tem ou já tiveram alguma relação com o governo Bush pai ou filho.
 
O The Yes Men está também disponível no Google Video:
http://video.google.com/videoplay?docid=-5433754769822969476
 
Outra dica de vídeo é o documentário que o pessoal do Reclaim The Streets fez.

Também está disponível para baixar via torrent

Mais informacoes na pagina do Coletivo Sabotagem

http://sabotagem.revolt.org/node/343
 
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