terça-feira, junho 06, 2006

Mais R$30 milhões em asfalto

Começou há quase duas semanas a terceira etapa do "maior programa de recapeamento asfáltico de São Paulo", como declarou ao Estadão (em 12 de maio) o prefeito Gilberto Kassab.

O programa tapa buracos recapeará 51 ruas danificadas pelo fluxo excessivo de veículos motorizados, pelas obras realizadas porcamente por concessionárias públicas (Sabesp, Eletropaulo, telefônicas) e pela má qualidade do asfalto paulistano (tradicionalmente superfaturado).

Além do tapa-buracos, a prefeitura promete asfaltar "até" 300 ruas de terra na capital. Segundo divulgou o Estadão (em 02 de junho), 99 vias já foram identificadas.

Chama atenção também a divisão de recursos: para recapear as 51 vias, estão destinados R$18 milhões. Já para asfaltar as "300" ruas de terra, a quantia é menor: R$12 milhões. Será que desta vez o superfaturamento está na estimativa (ou seria promessa?) de quantas ruas de terra (geralmente em bairros periféricos) serão asfaltadas?

Depois de ler as duas notícias, não saiu da minha cabeça a frase do colombiano Oscar Diáz em palestra realizada na própria Prefeitura: "Em cidades subdesenvolvidas, o poder público deve escolher: ou pavimenta ruas, ou constrói praças, ciclovias e parques". São Paulo insiste burramente na primeira opção.

[R$350 mil por quilômetro]

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Comments:
Seria preciso saber se as ruas de terra têm comprimento e largura totais menores do que as 51 ruas. Não basta fazer regra de três desse jeito, isso é simplório.
Recapear estradas, ruas, o que seja, já que a opção foi por esse modelo rodoviário, é necessário. Deixá-las esburacadas causaria ainda mais mortes e deficientes físicos. Você está lamentando coisas erradas. Deveria lamentar que sejam tão poucas ruas.
 
Não comentei o comentário do colombiano: não vejo porque essa coisa de isto ou aquilo. Devem ser feitas as duas coisas. Mas no caso cecíliameireliano de ter que optar devem ser esquecidas as praças. Nada tenho contra as praças, elas representam o direito que o povo tem de lazer e relações sociais desvinculadas do consumo, diferentemente dos shoppings ou bares. Deixar de pavimentar ruas não vai excluir os carros que existem aos milhões, só vai provocar mais acidentes e atropelamentos. Entre o direito à vida e o direito ao lazer, impõe-se o direito à vida, embora eu ache que esse é um conflito inexistente.
 
Simplório é considerar o que vc chama de modelo rodoviário algo sagrado e inquestionável. Simplório é não entender porque uma cidade sem praças e parques mata mais do que algumas ruas esburacadas. E muito simplório é achar que as duas políticas são um "conflito inexistente", ou você acha que os recursos financeiros são infinitos? O que mais me chateia é que o pensamento desse anônimo é, de fato, a opinião média da grande maioria ignorante desta cidade...
 
Os carros continuam existindo, eles vão trafegar pelas vias existentes de qualquer forma, se for um tapete morrerá menos gente, menos gente irá para o SUS, menos deficientes, tudo isso tem um custo financeiro e social imensos, se não para a cidade, para o País ou o Estado. Em última análise, para a população. Os recursos não são infinitos, é verdade, mas costumam ser muito mal administrados ou não são em São Paulo?
Recapear ruas não são só ações desejáveis, são ações essenciais. Ignorância é achar o contrário, ou melhor, nem ignorância, é burrice mesmo.
 
"se for um tapete morrerá menos gente"

não. se for um tapete, os veículos poderão correr mais...
maiores velocidades = mais atropelamentos.

gastar verba PÚBLICA pavimentando ruas para transporte PRIVADO individual é um absurdo...

invista-se em deslocamentos não motorizados... a força das suas pernas é forma de deslocamento mais preciosa que vc tem, não desperdice-a... deixe as vias para quem realmente precisa de um veículo: portadores de deficiência, ambulâncias, corpo de bombeiros... ou vc acha q o dia q vc precisar de uma ambulância, virão te salvar de helicóptero?
 
"gastar verba PÚBLICA pavimentando ruas para transporte PRIVADO individual é um absurdo"
Só quem pode pavimentar ruas é a verba pública, essa frase aí em cima, sim, é um absurdo, e o transporte coletivo rodoviário passa pelas mesmas vias. Além disso, há impostos por andar de transporte privado, não é de graça como você parece achar. Não dá para fingir que os carros não existem. Nem todos os deslocamentos são possíveis de bicicleta. Dá mesma forma que acho absurdo que achem que todo mundo TEM que ser motorista, igualmente absurdo é achar que todo mundo TEM que ser ciclista, troca-se uma radicalismo por outro. No Rio, como em todas as cidades, há muitos lugares onde o trem, metrô e as barcas não chegam. Ou você vai de ônibus, carro, ou não vai. Não ir, para muitas pessoas, não é uma opção.
 
aiaiai.....
 
é isso aí pessoal anti-carro, bota pra quebrar mesmo!

hmmm aonde nao eh possivel ir de bicicleta?? estou a 4 anos indo pro trabalho, lugares longe, festas, viagens (incluindo c/ minha namorada, vamos de bicicleta dupla)... e aonde vc consider "impossivel", eu pego uma bike dobravel, vou com transporte publico ate o ponto mais proximo e pronto! estou perto do meu destino c/ minha bike.

FUCK ALL CARS
 
Ir trabalhar de bicicleta não é possível para a maioria da população. As pessoas trabalham no centro das cidades e moram nos subúrbios e periferias. Conheço muita gente que passa uma hora na condução quando não tem trânsito. A que horas ela sairia de casa de bicicleta? No dia anterior? No Brasil, bicicleta para transporte de massa é inviável.
E bicicleta dobrável? Bicicleta dupla? Importadas? Totalmente fora da realidade nacional.
 
Nós só entendemos alguma coisa se estivermos dispostos a entender.

Se não tivermos a mente aberta para aceitar a mudança, as coisas continuarão como estão.

Todo mundo tem o direito de ser burro.

Não adianta.
 
É, não adianta. Seu lugar é ignorando a realidade no seu guetozinho, alimentando seus ódios irracionais.
 
Meu comentário sobre bicicletas vs. transporte público (pra quem não acredita que bicicleta é uma opção): Para vir ao trabalho de ônibus, demoro de 50 min a uma hora, durante o dia... por volta das 21 ou 22 hrs da noite, 35 a 40 min, mas com o inconveniente de as vezes ter que esperar BASTANTE pelos ônibus. Já de bike, gasto sempre, não importa o horário, 35 min para ir ao trabalho, ou 40 na volta (com subidas no final).
 
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