quinta-feira, novembro 10, 2005

R$50 milhões para tapar buracos. Já as calçadas...


(clique na imagem para ampliá-la)

Todo prefeito que assume o cargo em São Paulo promove uma operação tapa-buracos ou um grande programa de recapeamento de ruas logo no primeiro ano de mandato. José Serra não fez diferente e, segundo o jornal "O Estado de São Paulo" (01 de novembro), irá gastar R$50 milhões até o final do ano para renovar as pistas de rolagem de diversas ruas da capital.

Marta Suplicy priorizou as avenidas, mas deve ter gasto o mesmo dinheiro tapando os buracos causados pelo excesso de veículos, pelas obras mal-feitas e pelas maracutaias tradicionais das obras públicas ligadas ao automóvel (mateiras de baixa qualidade, superfaturamento e outras milongas).

É claro que a manutenção das ruas é importante para a cidade, afinal não são apenas os veículos particulares que circulam por lá, mas também os ônibus, bicicletas, táxis, caminhões.

O engraçado dessa história toda é que, por lei, a manutenção das ruas é de responsabilidade do poder público. Já a conservação das calçadas é responsabilidade do proprietário do terreno ou construção que fica na frente. Resultado: ruas que parecem tapetes e calçadas que lembram campos minados.

A reforma das pistas é feita de madrugada. Máquinas pesadas fazendo barulho na sua janela às 3 da manhã para não atrapalhar o trânsito. Agora tente você reformar a sua calçada depois das 10 da noite...

Sobre os R$50 milhões, era dinheiro mais do que sufiente para equipar boa parte dos estabelecimentos públicos com bicicletários e tirar a lei 13.995 do Grande Livro das Ficções Jurídicas Brasileiras. O projeto, que foi sancionado pelo prefeito em 10 de junho, ainda aguarda regulamentação do Executivo. O prazo para a regulamentação se esgotou em 10 de agosto, mas segundo fontes conhecedoras dos trâmites kafkanianos deste país, esta etapa pode levar até 10 anos, dependendo da (falta de) vontade do poder público.

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Comments:
A av. Cerro Corá foi recapeada. Para isso retiraram a sinalização, as faixas que demarcam as pistas, as faixas de pedestres e, pior, o canteiro central (na verdade um minúsculo espaço onde o pedestre espera, no meio da avenida, para correr até o outro lado). E está assim há duas semanas. Mas as faixas de "obrigado prefeito" estão lá.
 
Também acho errado esse lance das calçadas, a manutenção e a limpeza (manutenção, de certa forma) ficam a cargo do dono do imóvel, num país pobre como o nosso é certeza de calçadas ferradas. Ainda mais quando as pessoas deixam os carros nas calçadas, dependendo do material, qualidade do serviço realizado e veículo, as calçadas cedem, ficam esburacadas, perigosas para os idosos, intransitáveis para os carrinhos de bebês (já vi mães andando com eles na rua, contra o sentido dos veículos}.
 
as faixas me deram engulhos: colocadas antes até da sinalização ser remarcada. é feio demais que só o centro expandido recebendo esse tratamento. teodoro, oscar freire, cerro corá (como colocado acima). no centro os calçadões pros carros (de sábado os pedestres e ambulantes ainda dominam, ufa!), o serviço de ônibus sendo sucateado, inclusive com a perspectiva da extinção dos corredores (!!!). uma boa notícia é parece q as unidades novas do sesc sp receberão bicicletários.
 
Mesmo em áreas nobres da cidade encontramos calçadas em péssimas condições, mostrando que alto poder aquisitivo não garante calçadas decentes. Deixar uma área pública sob responsabilidade dos proprietários é um contra-senso. As Prefeituras deveriam assumir totalmente o projeto, a padronização e a manutenção dos espaços de circulação públicos. Como vemos, só há dinheiro e preocupações com os automóveis. Os pedestres são tratados como cidadões de segunda classe.
 
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