segunda-feira, outubro 24, 2005

O preço do trabalho no Brasil


(clique na imagem para ampliá-la)

Recentemente o prefeito José Serra proibiu a colocação de cavaletes de propaganda nas esquinas. As peças publicitárias que indicavam aos motoristas a direção de apartamentos à venda atrapalhavam a circulação de pedestres e degradavam a cidade. Em um país onde o trabalho vale muito pouco e a dignidade menos ainda, as soluções comerciais beiram o absurdo e lembram os tempos de escravidão.

Kátia, 21 anos, desempregada, passa o domingo segurando uma placa. Das 9h às 17h30 a moradora de Itapecerica da Serra fica parada em uma esquina nobre da capital debaixo do sol. Meia hora de almoço e 30 reais no bolso ao final do dia. A refeição não está incluída no "salário", mas seus benevolentes patrões fornecem um sanduiche e um suco para que ela mantenha a saúde no papel de "cavalete humano".

O deslocamento até o local de trabalho também fica por conta de Kátia, que leva mais de 1h30 para voltar para casa, já que o transporte público é reduzido significativamente aos domingos. A jovem não reclama do trabalho, mas diz que preferia quando entregava panfletos de apartamentos nos semáforos: "era mais divertido, pelo menos eu via gente".

voltar ao topo

Comments:
Não gosto dessa separação entre "empregados" e "desempregados", há muita gente entre uma coisa ou outra, eu inclusive. Ela, por exemplo, faz um trabalho casual, o que tem muitas desvantagens, o que você já expôs. Mas tem vantagens também: não tem vínculos, patrão, metas, pressão psicológica, assédio sexual, fofocas, inveja, competição (uma palavra santificada nos negócios, mesmo quando você se vê competindo com velhos amigos para manutenção do emprego)...
 
A Vivo aqui do Rio mandou a maioria dos seus funcionários embora e os recontratou (isso mesmo, os mesmos funcionários), terceirizados. Hoje, eles ganham 70% do que ganhavam para fazer a mesmíssima coisa. Isso é ilegal, imoral, degradante... É claro que não saiu nem uma notinha sobre isso em lugar nenhum.
 
Postar um comentário

<< Home