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Achei o mapa acima, junto com vários outros, no site integração sem posse, um grupo de apoio aos movimento dos sem-teto do centro (veja os mapas no post do dia 23/08 e aproveite para dar uma olhada no site inteiro). É a mancha urbana de São Paulo ao longo dos anos.
O modelo de urbanismo voltado para o automóvel cria distâncias, espalha a cidade, exige ruas e avenidas e (teoricamente) muitos investimentos públicos em uma área gigantesca. A especulação imobiliária, outra força motriz do nosso urbanismo, se encarrega do resto: no lugar da praça pública, a quadra e a piscina do condomínio. Alguns condomínios são verdadeiras cidades, fazendo com que a pessoa simplesmente não precise frequentar o espaço público além da grade.
Se compararmos o mapa acima com os outros disponíveis no site, constatamos uma situação de apartheid. O centro é, rico, branco, bem servido de escolas, comérico, hospitais, lazer e serviços. No centro está o emprego, no centro está o congestionamento. A periferia é negra, nordestina, pobre, violenta e sem infra-estrutura. A periferia é longe e, se você não tem um carro, fica confinado, já que o transporte público é de péssima qualidade.
Manter os pobres longe do centro faz parte da política paulistana (e talvez de qualquer cidade do mundo). Não é à toa que a linha 5 do metrô (que liga o Capão Redondo à Marginal Pinheiros) só funciona de segunda à sexta. Afinal, cultura e diversão é só para quem tem carro ou mora no centro.
Para completar, vale destacar a atitude dos cidadãos. Aqueles que moram no centro e têm à disposição um transporte público bem melhor do que na periferia, preferem não abrir mão do automóvel, congestionando as ruas com percursos diários de alguns poucos quilômetros. Quem mora na periferia e tem que rodar distâncias bem maiores para chegar ao trabalho, passa horas dentro do ônibus por causa do trânsito congestionado de automóveis.
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