terça-feira, março 14, 2006

Imagine o mundo sem carros


(clique na imagem para ampliá-la)

A parte da imagem que destoa da obra bucólica e pastoril é intervenção de Banksy, um puta artista de rua do Reino Unido. Entre outras coisas, o cara fez grafites fantásticos no muro que Israel está construindo para segregar os palestinos. Vale muito visitar o site do cara (dica da colega Foz).

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Comments:
O muro ou, melhor, a cerca de segurança está sendo construído pelos israelenses com o objetivo de conter os terroristas palestinos.
 
Não vou entrar na polêmica de quem é mais ou menos terrorista (os homens-bomba palestinos ou o Estado de Israel, que executa sem julgamento líderes, militantes e civis árabes) pois é bobagem.

Por causa de terroristas dos dois lados (e de mais alguns países, como os EUA de Bush e a Arábia Saudita de Bin Laden) a população de árabes e judeus não pode conviver na terra que, no mínimo, pertence aos dois povos. Discutir quem é mais antigo ali e a qual religião pertence a terra santa é algo como o ovo e a galinha.

Mas não amenizemos as coisas: é muro e tem mais de 7 metros de altura, igualzinho ao de Berlim ou o da fronteira dos EUA com o México: http://www.banksy.co.uk/outdoors/06.5.html.
 
Apesar de em alguns trechos ser apenas uma cerca de 3 metros de altura, em outros a barreira é um muro sim, chegando a ter o dobro da altura que o de Berlim tinha (além de uma cerca espiral de arame farpado e um fosso). A Corte Internacional de Justiça de Haia disse que a barreira é ilegal, contrária ao Direito Internacional, e deve ser destruída, e que os palestinos prejudicados devem ser indenizados, mas Israel não dá a mínima. Em dezembro de 2004, o muro já contava com 225 km construídos.

Segundo o governo de Israel, o muro, que ficará pronto em 2007, segue "as fronteiras de 1967" entre o território reconhecido de Israel e a Cisjordânia. Entretanto, o principal negociador palestino sobre a crise, Saeb Erekat, afirma que o muro passa por terras árabes, capturadas em 1967 após a Guerra dos Seis Dias. A própria Suprema Corte Israelense reconheceu isso mas considerou é "justificável", pois o muro tem o objetivo de "proteger os cidadãos".

Esta página tem um ótimo resumo sobre o muro. Em certo trecho, o texto diz: "Uma das grandes críticas à barreira é que em vários trechos ela separa os agricultores palestinos de suas lavouras, pastos e nascentes de água. O governo de Israel se defende afirmando que está construindo rampas de acesso às terras. Outro problema é que centenas de famílias estão privadas de usar hospitais e escolas que ficaram do outro lado."

O muro custa 1,77 bilhão de euros. Será que não tem nenhuma alternativa de 1,77 bilhão de euros que resolva o problema de forma mais bonita, humana, respeitosa e educada? Porque é óbvio que o muro não vai resolver nada, só vai deixar o outro lado cada vez mais puto.

Eu te dou um tapa porque você tropeçou e pisou no meu pé. Você devolve meu tapa e me xinga. Eu te xingo e te dou uma rasteira. Você me devolve um soco. Será que um dia isso acaba?

Vale a pena ver:
- a justificativa de Benjamin Netanyahu, para entender o ponto de vista de Israel
- o site da campanha "Stop The Wall", que classifica o muro como Apartheid
 
Segundo o site deOlhonaMídia.org.br, versão brasileira do HonestReporting, "mais de 90% da cerca é constituída de arame farpado e de sensores eletrônicos. Sequer é eletrificada, como acontece por exemplo na cerca entre Bostwana e o Zimbabwe. Apenas nos locais onde houveram muitos incidentes envolvendo tiroteios e lançamento de projetéis, granadas, etc... é que foi construída barreira de cimento".

Falar em muro é tentar fazer uma conexão indevida com o muro de Berlim, talvez o mais célebre da história. Ainda que a cerca fosse um muro, seria um muro bem diferente do de Berlim, cujo objetivo era impedir as pessoas de sair, de fugir de um regime comunista opressivo (perdoe-me a redundância), enquanto o "muro" em Israel serve para impedir os terroristas de entrar nesse país. É óbvio que o "muro" pode causar problemas ao homem comum, mas ele é necessário e legítimo, como também é legítimo esse na fronteira dos EEUU com o México.

Mais informações sobre o tema podem ser encontradas no mesmo site. Alguns exemplos:

- A mídia de forma geral tentou legitimar a decisão da Corte de Haia, dizendo que ela é um fórum internacional "amplamente reconhecido". No entanto esta não é a verdade. Várias democracias ocidentais não concordam e não legitimam as decisões de Haia, entre elas os EUA. Muito ao contrário, entre os maiores incentivadores e apoiadores da Corte - que deveria servir para julgar infrações humanitárias e crimes de guerra - estão ditaduras do Oriente Médio e da África, que deveriam estar no banco dos réus, e não na platéia.

- A maioria massacrante das resoluções da ONU e de seus orgãos filiados (entre eles, a Corte de Haia) na história foram contra Israel e suas ações de auto-defesa. Entretanto, até hoje não houve uma condenação sequer ao terrorismo palestino e aos homens-bomba que explodem civis, crianças, mulheres, etc... em Israel. POrque isto? Acaso a vida israelense vale menos?

- A cerca já havia sido julgada na Suprema Corte de Israel, e o seu trajeto alterado, devido a questões humanitárias, evitando causar transtornos a população palestina mesmo podendo acarretar diminuição na segurança que ela proporcionaria aos israelenses.

- Na região onde parte da cerca já foi concluída (cerca de 25% do total) os atentados e atos de violência cairam em cerca de 90% do total anterior a existência da barreira.

Fonte: deOlhonaMídia.org.br.
 
O site tem o objetivo claro de combater o anti-semitismo, o que torna sua posição tendenciosa. Mas as informações são bastante interessantes. Obrigado pelo envio, Roberto!

Antes que alguém comece a me julgar aqui, não sou contra o estado de Israel e quem me conhece sabe que tenho alguns amigos judeus (e um amigo árabe também). Mas o muro é algo que me arrepia tanto quanto os ataques terroristas.

Esse meu ponto de vista não caiu do céu, nem foi passado na TV pela Globo. Para chegar nele, consultei várias fontes para me informar sobre o muro, me abstendo das fontes claramente tendenciosas (a saber, as partes diretamente interessadas).

Infelizmente meu espírito cético me impede de considerar como verdade tudo que está nesse texto, porque eu teria que sair pesquisando em outras fontes os dados informados. Por exemplo: Existe mesmo uma cerca entre Bostwana e o Zimbabwe? Realmente 90% da barreira é constituída de cerca? A legitimidade da corte de Haia é realmente reconhecida principalmente por ditaduras? A maioria das resoluções da ONU realmente é contra Israel? São muitas informações para pesquisar e, como o texto não cita as fontes, vou ter que considerá-las todas como pontos de vista e não fatos.

Por favor, não me julguem anti-semita, eu consideraria isso uma ofensa. Sou apenas alguém que constrói sua opinião com base nas informações que me chegam e que podem ser comprovadas por fontes "isentas".

As fontes que eu citei no meu texto, que não considero partes interessadas até prova em contrário, são:
- Revista Jurídica Última Instância
- Folha de SP Online
- Revista Mundo Estranho (ed. Abril)
 
Traço perfeito com idéias bombásticas e frases ótimas desse Banksy, porra, lindo!
 
Willian,

O site deOlhonaMidia.org.br tem como missão "tornar-se 'fonte' para a mídia nacional, a fim de obter uma cobertura imparcial sobre a posição e situação do Estado de Israel no conflito, e da comunidade judaica em geral; combater o anti-Judaísmo/anti-Sionismo e a ignorância sobre o Judaísmo e o Estado de Israel".

Você pode com razão achar que esse site não é uma fonte imparcial, mas nunca poderá dizer que os responsáveis por ele têm interesses escusos, já que eles mesmos declaram seus objetivos. Para mim isso é uma virtude, principalmente quando se tem em mente a pretensa imparcialidade da grande imprensa, seja a brasileira seja a estrangeira. Eles da grande imprensa é quem tem de explicar os motivos ocultos que os movem. Não estar envolvidos diretamente no conflito não significa que não tenham interesses por um ou por outro lado. Uma palavrinha chamada IDEOLOGIA dá muito em que pensar.

Diferentemente daquele sobre a cerca de segurança, boa parte dos artigos do deOlhonaMidia.org.br tratam de casos concretos de má cobertura da imprensa sobre os israelenses, os judeus e o conflito deles com os palestinos. Eu gosto do site porque ele faz a crítica sobre aquilo que foi efetivamente publicado, dando ao leitor a oportunidade de ler tanto a crítica como o texto que a motivou, para poder então formar a própria opinião.

Para não ficar no vazio, darei dois exemplos. O primeiro é justamente o motivo que levou à criação do HonestReporting. Leia a história, que envolveu grandes órgãos da imprensa mundial, como o New York Times e a Associated Press. Outro exemplo, entre muitos, é este envolvendo a Folha Online, que você citou como fonte.

Sobre a ONU poder-se-ia dizer muita coisa. Aproveitei que o site da Folha Online estava aberto e fiz uma rápida pesquisa sobre ela. Uma máteria de 3 anos atrás apareceu: Cuba é reeleita na Comissão de Direitos Humanos da ONU. E Cuba, a ilha-prisão governada pelo ditador, assassino, ladrão, traficante de drogas, proxeneta, amigo e parceiro político de Lula da Silva, Fidel Alejandro Castro Ruz, não é exceção. Outras ditaduras já fizeram parte dessa comissão. Essa pequena informação já é suficiente (para mim, pelo menos) para ter-se uma idéia do que é a ONU.

Longe de mim julgar você como anti-semita, nem pense nisso. Israelenses e judeus, assim como palestinos e muçulmanos, são pessoas e é como tal que têm de ser cobrados pelo que fazem.

Terrorismo consiste em atacar deliberademente gente inocente e inerme com o objetivo de causar terror (além de sofrimento e morte). E o terrorismo palestino é sempre atenuado, para não dizer justificado, porque eles são vistos como o lado mais fraco do conflito. Para mim nada justifica o terrorismo, por isso fiz meu comentário inicial lembrando o porquê da construção do "muro".

Esse conflito no Oriente Médio é uma questão muito complexa e eu não tenho pretensão alguma de conhecê-la a fundo. Por outro lado, terrorismo, como o praticado pelos palestinos, é uma coisa muito fácil de entender e, por isso mesmo, refutar.
 
Roberto, obrigado pela explicação e por manifestar sua opinião com clareza, exemplos sólidos e sobretudo polidez!

Lembro bem da história daquela foto polêmica e concordo plenamente que terrorismo é algo injustificável. Matar, por exemplo, quem não têm nada a ver com a situação para forçar um governo ou entidade a recuar, se render ou seja o que for é um absurdo. E não é prerrogativa de árabes e muçulmanos, como ETA, IRA e FARC nos mostraram nas últimas décadas.

Grande abraço!
 
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