quinta-feira, outubro 13, 2005

A velocidade e os vidros escuros


Mais uma apologia à velocidade que mata: "desafia as leis da física: gruda no chão e voa ao mesmo tempo". Só faltou dizer que destrói obstáculos (vivos ou não) sem prejudicar a saúde de quem dirige. "Air bags", carros que absorvem impacto, cintos de segurança, milhões de dólares em pesquisa: tudo para zelar pela integridade do motorista. Se você está do lado de fora, é melhor se cuidar para não ser atingido pelas duas toneladas que "voam" de 0 a 100km/h em 5,7 segundos.

Isso sem falar dos vidros pretos: as películas que escurecem o vidro são proibidas na intensidade mostrada no anúncio. De acordo com a resolução do Contran, a transparência do vidro (de dentro para fora) não pode ser reduzida em mais de 25% no para-brisa e 30% nos vidros laterais. Que atire a primeira pedra quem já viu algum veículo sendo multado por esta infração.

No feriado, dirigi pela primeira vez um carro com vidros escurecidos. Mesmo seguindo a lei, o escurecimento do vidro atrapalha (e muito) a visibilidade do motorista. Olhar nos retrovisores laterais torna-se um ato heróico. Além disso, os vidros pretos impedem a comunicação entre motoristas, pedestres e ciclistas: fica impossível sinalizar para o pedestre que ele pode atravessar a rua, agradecer o ciclista pela passagem cedida e outros atos necessários para a convivência nas ruas.

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Comments:
Com o trânsito que temos (estou falando do Rio), falar em voar é uma estupidez.
Fora que o carro é caríssimo, é um acinte. Como diz o Charles Long, "o capitalismo se baseia na cobiça e na inveja". Eu acrescentaria aí também o desdém.
 
Olha, como eu já disse aqui uma vez eu uso película nos vidros do meu carro e mais escuras que o permitido por lei. Já fui multado por isso uma vez, numa estrada, e tive que tirar a película na hora. Disse para o policial o que eu digo para vocês: uso por segurança, porque tenho medo de parar no sinal com meu filho de 3 anos dentro do carro. Já vi assaltante encostar a arma no vidro do carro apontando a arma para a cabeça de um bebê que estava no banco de trás na cadeirinha, para fazer com que a mãe entregasse tudo. Inclusive falei pra ele: "vou tirar aqui, mas amanhã quando chegar em São Paulo vou colocar de novo, igualzinho". Ele não se abalou, afinal estava mais preocupado em me intimidar com a multa para ver se eu soltava algum dinheiro do que em me "educar" em relação ao assunto.
 
Hoje, quase fui atropelado por um carro... Já que estamos falando em desarmamento, poderíamos aproveitar para proibir também a venda de automóveis caso o "sim" venha a ganhar. Afinal, é uma arma! Ou não? Às vezes mais poderosa que uma arma de fogo. Um revólver 38 dá apenas 8 tiros, não é? Com um carro, posso me sentir jogando Carmagedon e subir na calçada para matar mais de 10 de uma só vez. Então, como diz o pessoal do "sim": "armas matam"... então "carros matam", ou não?
 
http://malacostumado.blogspot.com/2007/06/burka-brasileira.html
 
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